Monday, 5 March 2018

Sean Riley & The Slowriders + The Legendary Tigerman, Hard Club, Porto, 02.03.2018, (Misfit’s presentation) – Part 2

The Legendary Tigerman © Guilherme Lucas 
The Legendary Tigerman © Guilherme Lucas 

The Legendary Tigerman (Paulo Furtado’s alter-ego), presented his latest album, Misfit in Porto, this time with a support band (it has been presenting himself live this way since 2014), leaving aside all his “one man band” trademark that helped to solidify an already long and very remarkable career of undeniable success (at least a media one), whatever that may be when, in some way, one has never truly come out of the underground, as it is the case. On Hard Club’s sala 1 at full capacity, completely surrended to the musician from the beginning to the end of the concert, Paulo Furtado and companions gave an excellent concert, more sound and restrained than remarkable, be it understood.

It is undeniable that with a band The Legendary Tigerman gains a weight and a deeper and more developed dimension in the interpretation of his older and more recent repertoire (especially in the parts with the saxophone, that are simply amazing); in some songs it is understandable and perceptible the difference between the now and then; there are moments in which I glimpse among the more elaborated sound the matrix that used to be more raw, deliciously primitive even, but that was the fundamental and had always worked well.

So that there are no doubts, it still works well, but not exactly the same way and reach. I wonder, was something lost along the way? Yes, I have no doubt about it. But it matters to whom? Only for an audience that is more resilient and focussed in the musician’s past, of which I am part of. It seems to me that Paulo Furtado’s need to found new formulas is completely logic and intelligent in order to revitalize Tigerman’s sound and, therefore, his own career (being audience’s renewal an important factor), that is why maybe insisting on past and exhausted formulas wasn’t the best way.

Hence, perhaps the current option with a band. An option that also reflects the dense rand more worked sound of Misfit, the latest album, an album that, overhaul, may reach a wider audience. There are no doubts that the group functions very well live: it is very cohesive and responsive, even during Paulo Furtado’s wildest performances, as shown the performance of the last song of the evening Twenty First Century Rock 'n' Roll, the truly sweeping and wild moment of the night, when the band “blow it apart” and the audience went crazy.

There was also an encore, this time just with Furtado and João Cabrita (saxophone) playing in superb and excellent way A Girl Called Home (one of the four extra tracks that make Misfit Ballads). This song is very glued to Baker Knight’s Lonesome Town, turned a hit by Ricky Nelson and later by The Cramps and therefore always captivating by its “almost” silence
I was hoping they would play Sleeping Alone, Misfit’s biggest gem, but, to my disappointment, that didn’t happen. I left the concert thinking: I have seen many bands of which I was an early fan, when nobody had any hope for them, and these walked firmly the long and thorny road towards success, without hesitation. Later, they evolved towards the stature of big bands with merit, because one does not reach so high without it. 

But on the way they have always lost precious ballast that mischaracterised them from their beginning, and, therefore, leave a longing. New audiences, of a more generic taste (often questionable), round up on that hard road which, aside being normal is one of the basic rules of success or mediatisation in the circle one moves in.

One also has to take in account the generational renewal, which is always healthy. The pride of had seen, as a pioneer, something extremely unique and extraordinary for the time, on a distant Christmas Day in 1998, in the old Hard Club, in de Gaia, when a “young” Tigerman presented himself in his original format, for the first time in Porto, to the half a dozen “mavericks” in the audience, playing Naked Blues, especially Fuck Christmas, I Got The Blues, that is unforgettable, it will forever “remain”. The path each of wants to follow or to stay on, only concerns each individual, all being worth and with merit. And that is it. 


The Legendary Tigerman © Guilherme Lucas 

The Legendary Tigerman © Guilherme Lucas 

Sean Riley & The Slowriders + The Legendary Tigerman (apresentação do álbum “Misfit”) - The Legendary Tigerman (o alter-ego de Paulo Furtado), apresentou no Porto o seu último trabalho de nome “Misfit” e desta vez com uma banda de apoio (pelo menos tem-se apresentado assim ao vivo desde 2014), deixando de fora toda a sua imagem de marca de “one man band” que o ajudou a cimentar uma já longa e muito assinalável carreira de inegável sucesso (pelo menos mediático), seja isso o que for quando, de alguma forma, nunca se saíu verdadeiramente do underground, como é o caso. Numa sala 1 do Hard Club completamente cheia e rendida ao músico desde o início até ao final do espetáculo, Paulo Furtado e companheiros deram um ótimo concerto, mais sólido e contido do que memorável, entenda-se. É inegável que The Legendary Tigerman com banda adquire um peso e uma dimensão mais profunda e evoluída na interpretação do seu repertório antigo e mais recente (especialmente com as partes de saxofone, que são simplesmente excelentes); entende-se e percepciona-se em algumas músicas a diferença do antes e do agora; há momentos em que vislumbro no meio do som mais elaborado a matriz que antes era mais crua e até deliciosamente primitiva, mas que era o fundamental e que sempre funcionou bem. E continua a funcionar bem, que não haja dúvidas, mas não exatamente da mesma forma e alcance. Pergunto-me se algo se perdeu pelo caminho? Sim, não tenho dúvidas quanto a isso. E isso é importante para quem? Acho que só para um público mais resiliente e focado no passado do músico, do qual faço parte. Parece-me completamente lógica e inteligente a necessidade de encontrar novas fórmulas com vista à revitalização do som de Tigerman por parte de Paulo Furtado e por consequência da sua própria carreira (sendo a renovação de público um fator importante), e por isso talvez insistir em fórmulas passadas e esgotadas não fosse o melhor caminho. Daí talvez esta atual opção com banda. Opção que reflete também o som mais denso e trabalhado deste último álbum “Misfit”, um disco que no seu geral pode atingir o gosto de um público mais vasto e variado. Não restam dúvidas que o grupo funciona muito bem ao vivo: é muito coeso e responsivo, mesmo nas partes mais selvagens a nível performativo de Paulo Furtado, como é exemplo a interpretação do último tema da noite “Twenty First Century Rock 'n' Roll”, o momento verdadeiramente arrebatador e selvagem da noite em que a banda “partiu a loiça” e o público delirou. Houve ainda um encore, mas desta vez só com Furtado e João Cabrita (saxofone) a interpretarem de forma soberba o excelente tema “A Girl Called Home” (um dos quatro temas extras do álbum e que compôem as “Misfit Ballads”). Este tema é muito colado ao “Lonesome Town” de Baker Knight, feito sucesso por Ricky Nelson e mais tarde pelos The Cramps e por isso sempre cativante pelo seu “quase” silêncio. Esperava que tocassem o tema “Sleeping Alone”, a grande pérola do “Misfit”, mas isso não ocorreu, para desilusão minha. Saí do concerto com este pensamento: já vi muita banda de que era fã inicial, quando ainda ninguém dava nada por eles, e estes percorreram convictamente o longo e espinhoso caminho rumo ao sucesso, sem vacilar. Evoluíram mais tarde para o estatuto de grandes bandas com mérito, porque não se chega tão alto sem isso. Mas no caminho sempre soltaram lastro precioso que os descaraterizou dos primórdios e que por isso deixam saudades. Novos públicos, de gosto mais genérico (e muitas vezes duvidoso) se arrebanham nesse duro caminho, o que para além de ser normal é uma das regras básicas do sucesso ou da mediatização para se permanecer vivo no circuito em que se move. Há que também contar com a renovação geracional, o que é sempre saudável. Mas o orgulho de ter assistido como pioneiro a algo extremamente único e extraordinário para a época, num já muito longínquo dia de Natal de 1998, no antigo Hard Club de Gaia, quando um “jovem” Tigerman se apresentava no seu formato original pela primeira vez no Porto para meia dúzia de “gatos pingados” na assistência, a tocar o álbum Naked Blues e especialmente o “Fuck Christmas, I Got The Blues”, isso nunca se esquece e “fica” para sempre. O caminho que cada um quer seguir ou permanecer só diz respeito a cada um de nós, sendo todos eles dignos e meritórios. E é isto.




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