João + The
Saxophones – part 2: The Saxophones., Hard Club, Porto, 22.11.2018.
words: Guilherme
Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos: Guilherme Lucas.
The
Saxophones a duo from Oakland, California performed last Thursday in Porto
during their Winter European mini-tour, promoting their latest album Songs of
The Saxophones (June 2018).
The venue
chosen for the first Portuguese show was an almost to capacity Hard Club’s Sala
2 which for a Thursday is always something remarkable. They will perform in Lisboa
on Saturday.
This duo is,
in its operational base, an artistic extension of the two musicians, since they
are a couple. They are Alexi Erenkov (voice, guitar and saxophone), the husband
and founder of the project, and his wife, Alison Alderdice (percussion and vocals).
They share common endeavors and tastes together, finding in their music the
perfect way to publicly express their feelings and many of the daily aspects of
their relationship. Live, and in studio, they have the collaboration of Richard
Laws, a longtime friend (bass, vibraphone, vocals). In addition to being a
couple they are also parents (for the first time) of a very recent offspring.
Recently the
duo has been talked about because of the excellent reception to their work,
both from specialized music critics as well as the general public. Although
this project is the product of a decade only about two years ago did it begin
to draw attention, mostly because their first work and of gems like the song If
You're On The Water (2016), that also titles the album.
What seduced
me in this band, right after listening to it for the first time when I
discovered them, was that they were "haunted" by the Twin Peaks
factor, largely because of their sweeping version of Just You. And yes, it's
undeniable that there are many noir ambiences from David Lynch and Angelo
Badalamenti’s compositions in The Saxophones’s songs of, in it residing much of
the interest in their sound. But not because the latter are mere
"clones" of the artists mentioned above, only because they also drink
from to the same musical influences. As is the case Exotica - Hawaiian 1950s
music -, jazz in general (Alexi Erenkov is a studious musician and passionate
about jazz, The Saxophones being the antidote found to simplify his musical
discourse), as well as the most singable surf music, which irrevocably leads to
the so-called dream pop. There as much of Everly Brothers as of Roy Orbison or
Leonard Cohen, among many other, in their music. It is this fusion of genres
that more clearly helps to understand the precious sound of this Californian
duo.
This concert
in Porto would therefore serve as an excellent opportunity to live perceive how
their minimal melancholic and serene, but completely magical and seductive, pop
songs, could be impose upon an audience, which I want to believe, was
knowledgeable of their work ... or at least some of their most emblematic
themes.
The concert
was simply excellent and fascinating. Period.
The band did
parade practically all the themes of its discography and also presented others from
their next record, Singing Desperatley Suite that will be released February
2019.
Surely live the
way they play their songs is the same with which they are recorded on CD or
vinyl. They are so disciplined in instrumental execution that there is nothing
to point out, leaving us only with the sweet quest to enjoy their melodies and Alexi
Erenkov’s unique voice.
I would say
that, essentially, the magic of The Saxophones resides in the mastery with
which they play with the silences in their compositions. There is space and
silence in all their themes, one can hear the breathing of each one of them. Do
not understand this silence of which I speak as mere space between instruments
... I speak of silence as another instrument, which is another conception of
the thing.
Between songs
the duo was very friendly and communicative with the audience that completely
surrended to the band. There were enough moments of great sense of humor and
good mood between the couple, revealing that they were amazed by the almost
full room, and that they had no doubt that it was the first time that they had
acted for so many people ... coupled with the the fact that a few hours before
they under total stress between airports, being there with so many people
watching them was something surreal and unforgettable. They also took the
opportunity to say they were touring with their baby, and that there is a
different glamor after the concerts, like waking up in the middle of the night
with the child's crying. General laughter echoed.
After the concert
ended, the band returned to a single encore, finishing with the song that was
missing - and that was necessary - and that was Just You. In the end the three
musicians were treated with a long standing ovation by the audience the same
way it had already happened to each of their previous songs. Totally deserved, one
must say. Magic was present in Hard Club’s Sala 2 on a rainy Winter night.
texto e fotos:
Guilherme Lucas
Os
norte-americanos The Saxophones, dueto natural de Oakland, Califórnia,
apresentaram-se, na passada quinta-feira, na Invicta, no seguimento da sua
mini-tour europeia de Inverno, de promoção ao seu mais recente trabalho de
longa duração, de nome Songs of The Saxophones (Junho 2018).
O local
escolhido para este seu primeiro espetáculo nacional foi a sala 2 do Hard Club,
que praticamente encheu, o que para uma quinta-feira é sempre algo assinalável.
Atuarão ainda em Lisboa, neste próximo sábado.
Este duo é,
na sua base operacional, uma extensão artística dos dois, pelo facto de serem
um casal. São eles Alexi Erenkov (voz, guitarra e saxofone), o marido e
fundador deste projeto, e a sua esposa, Alison Alderdice (percussões e vozes).
Ambos repartem, de forma cúmplice, esforços e gostos comuns, encontrando na sua
música a forma perfeita de extravasarem publicamente os seus sentimentos e
muitos dos aspetos do dia-a-dia da sua relação. Ao vivo, e em estúdio, contam
com a colaboração de Richard Laws, um amigo de longa data, no baixo, vibrafone
e vozes. Para além de serem um casal, também são pais (pela primeira vez), de
um muito recente rebento.
Os dois tem
dado que falar nos últimos tempos, pelo excelente acolhimento aos seus
trabalhos, tanto a nível de crítica musical especializada como do público em
geral. Embora este projeto seja produto de uma década, só há sensivelmente dois
anos atrás é que começaram a dar mais nas vistas, muito por via do seu primeiro
trabalho, e por pérolas como a canção If You’re On The Water (2016), que dá
nome também ao disco.
O que me
seduziu nesta banda, logo à primeira audição, quando os descobri, é que estavam
“assombrados” pelo fator Twin Peaks, muito por culpa da arrebatadora versão que
fazem do tema Just You. E sim, é indiscutível que há muitas das ambiências noir
das composições de David Lynch e de Angelo Badalamenti nas canções dos The
Saxophones, onde reside muito do interesse pelo seu som. Mas não porque estes
últimos sejam meros “clones” dos artistas atrás citados, mas apenas porque
também vão beber às mesmas influências musicais. É o caso da música exotica
(estilo musical) dos anos 50, de origem havaiana, o jazz em geral (Alexi
Erenkov é um músico estudioso e apaixonado pelo jazz, sendo os The Saxophones o
antídoto encontrado para simplificar o seu discurso musical), bem como a música
surf na sua vertente mais baladeira, que conduz irremediavelmente ao denominado
dream pop. Há tanto de Everly Brothers, como de Roy Orbison ou Leonard Cohen,
na sua música, entre muitos outros. É esta fusão de géneros que ajuda a
entender com mais esclarecimento o som precioso deste duo californiano.
Este seu
concerto no Porto serviria, por isso, como uma excelente oportunidade para
perceber, ao vivo, como as suas canções pop minimais, melancólicas e serenas,
mas completamente mágicas e sedutoras, se conseguiriam impor a um público, que
quero crer, era conhecedor do seu trabalho… ou pelo menos de alguns dos seus
temas mais emblemáticos.
O concerto
foi simplesmente excelente e fascinante. Ponto.
A banda fez
desfilar praticamente todos os temas da sua discografia e ainda apresentou
outros do seu próximo trabalho, a sair em Fevereiro do próximo ano, já com o
nome escolhido de Singing Desperately Suite.
A forma como
interpretam os seus temas ao vivo, é seguramente, a mesma com que os mesmos
estão registados em cd ou vinil. São tão disciplinados na execução instrumental
que nada há a apontar, restando-nos apenas a doce missão de fruir completamente
das suas melodias e da voz única de Alexi Erenkov.
Diria que a
magia destes The Saxophones reside essencialmente na mestria com que jogam com
os silêncios nas suas composições. Há espaço e silêncio em todos os seus temas,
consegue-se ouvir o respirar de cada um deles. Não se entenda este silêncio de
que falo como apenas mero espaço entre instrumentos… falo do silêncio como mais
um instrumento, o que é uma outra concepção da coisa.
O duo
mostrou-se muito simpático e comunicativo, entre músicas, com o público, que de
resto estava completamente rendido à banda. Foram bastantes os momentos de
grande sentido de humor e boa disposição entre o casal, revelando que estavam
espantados com a sala praticamente cheia, e que não tinham dúvidas que era a
primeira vez que atuavam para tanta gente… aliado ao facto de que há umas horas
atrás andavam em completo stress entre aeroportos, estar ali com tanta gente a
assistir era algo surreal e inesquecível. Aproveitaram ainda para informar que
andam em tour com o seu bebé, e que há um glamour diferente depois dos concertos,
como acordar a meio da noite com o choro da criança. Gargalhadas gerais
ecoaram.
A banda
regressou, após o final do concerto, para um só encore, terminando com a canção
que faltava - e que se impunha - e que era Just You. No final os três músicos foram
brindados com uma demorada ovação por parte do público, como já tinha vindo a
acontecer a cada uma das suas músicas anteriores. Completamente merecidas, de
resto. A magia marcou presença na sala 2 do Hard Club, numa noite chuvosa de
Inverno.
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