Monday, 29 May 2023

M. Ward. M.O.U.C.O., Porto, 27.05.2023.

© Mondo Bizarre Magazine/Paulo Carmona

 
words: Paulo Carmona (freely translated by Raquel Pinheiro); photos: Paulo Carmona


A dusty dirt path, with no end in sight in the middle of nowhere, beaten by the sun, only attenuated by the brim of the hat and the green hills that invite us to stop near a creek of fresh water, for sure the soundtrack for such imaginary would pass through the songs of M. Ward.

Last Saturday night, an instrumental guitar intro with electrifying strums between short solos and riffs steeped in folk blues was the motto presented on a plate by M. Ward to the audience present at Mouco.

With eyes always closed, now bending his body over the guitar, then appearing as an extension of his arm, the musician feels every note that serves us with arrangements of garish, warm and strong colours. No doubt if it were a bouquet of flowers, they would be wild.

He thanked each applause with tight crossed arms against his chest and a slight bow with a very well pronounced thank you.

If Chinese Translation brought that sweet and melodic joy with the guitar galloping under a simple voice, on the other hand, Supernatural Thing, in that swing mode of a summer night in a dream with the king of rock'n'roll, brought a huskier dragged with high falsettos and guitar solo, backed by a sequenced loop.

M. Ward uses the music's spaces very well and the crescendos and diminuendos depending on the balance he wants to give it. A lot of talent and a lot of mastery, from someone who goes on stage alone and doesn't let their set-line fall into monotony. Only someone very bold would risk a Bowie’s cover with just a guitar in his hands and a harmonica. Well, Ward did it and with great class, not only because of the making he gave to Let’s Dance, but because the approach he took to the theme is pleasing and does not discredit the original in any way.

During I'm a Fool to Want You, a couple in love danced in front of me in a “we’re alone among them” mode.

After two short encores he ends with Rollercoaster, very entertaining as is the music he leaves us with. Many well-deserved applause.

It's raining outside, but not enough to put out the happy flame I carried in my pocket. There are nights like this.

© Mondo Bizarre Magazine/Paulo Carmona

texto e fotos: Paulo Carmona



Um caminho de terra batida poeirento, sem fim à vista no meio do nada, o sol a bater de frente, apenas atenuado pela borda do chapéu e colinas verdejantes que nos convidam a parar junto a um riacho de água fresca, e por certo que a banda sonora para este imaginário passaria pelas canções de M. Ward.

Um intro instrumental à guitarra com dedilhados eletrizantes entre solos curtos e riffs impregnados de blues folk foi o mote que M Ward apresentou de bandeja à audiência do Mouco que marcou presença no passado sábado à noite.

De olhos cerrados o tempo todo, ora debruçando o corpo sobre a viola, ora esta surgindo como um prolongamento do seu braço, o músico sente cada nota que nos serve com arranjos de cores garridas, quentes e fortes. Se fosse um bouquet de flores, seriam silvestres, sem dúvida.

Agradeceu cada aplauso com os braços em cruz apertados contra o peito e ligeira vénia com um obrigadíssimo muito bem pronunciado.

Se Chinese Translation trouxe aquela alegria docinha e melódica com a guitarra a galopar sob uma voz singela, já Supernatural Thing, naquele modo de swing de uma noite de verão num sonho com o rei do rock’n’roll, trouxe uma voz mais rouca e arrastada com falsetes altos e solo de guitarra apoiado num loop sequenciado.

M. Ward utiliza muito bem os espaços da música e os crescendos e diminuendos consoante o balanço que lhe quer dar. Muito talento e muita mestria, de quem vai para palco só e não deixa o seu set-line cair em monotonia. Só alguém muito ousado arriscaria uma cover de Bowie só com uma guitarra na mão e uma harmónica. Pois é, Ward fê-lo e com grande classe, não só pela roupagem que deu a Let’s Dance, mas porque a abordagem que fez ao tema agrada e não desprestigia em nada o original.

Em I’m a Fool to Want You , um casal apaixonado dança à minha frente em modo estamos sozinhos no meio destes todos.

Após dois encores curtos termina com Roallercoaster, muito divertido tal como a música com que nos deixa. Muitos aplausos e bem merecidos.

Cá fora chove, mas não o suficiente para apagar a chama alegre que trazia na algibeira. Há noites assim.



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