© Guilherme Lucas |
Words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro);
photos: Guilherme Lucas
Fur Dixon is part of my classic and primitive iconography of
80's underground rock'n'roll, when "loving" The Cramps was an urgent
need for any fan of the darkest sounds of that era. It was, among other
possibilities, the courageous and unorthodox form of being on the other side of
the barricade, facing other more pop and generalist sounds that was an
assertion of independence, nonconformity, and adolescent anguish. Her presence
on an UK a TV show (https://www.youtube.com/watch?v=r92XTMRy2gs), as The Cramps
bass player, recorded on video for posterity, remained forever in my imagination,
in the Summer of 1986. She represented to me (and to a few others), the ideal
and sexy archetype of a desired girlfriend that, by then, any punk wished to
have ...
Fur Dixon and her Wtfukushima, her current new band- project is
touring Europe to promote tour their debut album, Return 2 Sender, released this
month (https://furdixon.bandcamp.com/),
they played at Barracuda, Porto last Friday.
Surprisingly, Fur Dixon is a great singer, one of those we fell
in love promptly with her melodic … and definitely sweet voice. Her songs lie
within the great American rock'n'roll tradition, with approaches that at times
are country, and at others blues, with a garage punk address, but always with
the intention of doing something great that lasts throughout the years; that,
in the end, only creates excellent songs to be listened in many occasions of
life, beyond the genres and trends of the moment. There is a depth to many of
Fur Dixon's lyrics on this album that further enhances it, proof of its
genuineness and commitment to the way she spreads her emotions and thoughts
through music. That's why she's a talented songwriter.
Fur Dixon was very friendly towards the audience throughout the show, telling more or less painful moments the tour and how good it was to be in the beautiful city of Porto after a nightmare, somewhere in Spain, on muddy ground, at some festival and how she hates Trump and she was satisfeit with the public demonstrations against him while they were touring in the UK. She begged the audience to find a way to get rid of the man who that shames of her as an American citizen ... There was no answer, but I only admired her more for her political stance and conscience. She also let the audience knew that the band was about to cancel the tour because the drummer had to cease his involvement in the band due to unavoidable family issues in the US ... and that the present drummer playing with them had just been brought aboard a few hours after rehearsals ... and that he was doing very well. I fully confirm it, and given the matter, he played excellently. It's just rock'n'roll!
Supported by excellent musicians with due credits other renowned bands (The Fuzztones, The Dream Syndicate, etc.), the sort that without great technical virtuosity, always manage to make the perfect connection between the movements and the silences of the songs, it was a smouldering concert but to the point and in crescendo, ending in apotheosis with the performance of some The Cramps songs. And if the inclusion of themes from the legendary band in Wtfukushima’s concert were - for every conceivable reason one can - I was also convinced that Fur Dixon can clearly do without them, when it comes to her own repertoire, which is of great quality and enough in itself. Nowadays, she does not need the memories, to validate herself.
I really enjoyed Fur Dixon’s concert, it had something special
for me, that was being achieved/conquered throughout, it won me. But not just
that. I like her album, Return 2 Sender, its songs and I also really enjoyed
their artistic stance live. Nowadays she is a rare artist. Therefore, precious.
From now on, I will remember her as the punk country and blues diva.
© Guilherme Lucas |
Texto & fotos: Guilherme Lucas
Fur Dixon faz parte da minha iconografia clássica e primordial
do rock’n’roll underground dos anos 80, quando “adorar” os The Cramps era uma
necessidade urgente para qualquer fã dos sons mais obscuros dessa época. Era,
entre outras possibilidades, a forma corajosa, e nada ortodoxa, de se estar do
outro lado da barricada, face a outros sons mais pop e generalistas, feita qual
afirmação de independência, inconformismo e angústia adolescente. A sua atuação
num programa de TV no Reino Unido (https://www.youtube.com/watch?v=r92XTMRy2gs), como
baixista dos The Cramps, registado em vídeo para a posterioridade, ficou para
sempre retida no meu imaginário, nesse Verão de 1986. Ela representava para mim
(e para alguns mais), o arquétipo ideal e sexy de uma desejada namorada que
qualquer punk queria ter na época…
Fur Dixon e os seus Wtfukushima, a sua nova banda/projeto na
atualidade, está em tour europeia de promoção ao seu primeiro álbum, lançado
neste mês de Julho de nome Return 2 Sender (https://furdixon.bandcamp.com/),
e na Sexta-feira passada apresentaram-se ao vivo na Invicta, no bar Barracuda.
Fur Dixon é surpreendentemente uma enorme cantora, daquelas com que nos apaixonamos de imediato pela sua voz de grande alcance melódico… e definitivamente doce. Os seus temas estão dentro da enorme tradição do rock’n’roll norte-americano, com abordagens ora country, ora blues, dentro de um discurso garage punk, mas sempre num seguimento intencional de fazer algo grande e que perdure ao longo dos anos; que no final apenas resultem excelentes canções para se ouvir em muitas ocasiões da vida, para além dos géneros e tendências do momento. Há profundidade em muitas das letras de Fur Dixon neste seu álbum, o que a engrandece mais, pois é prova da sua genuinidade e comprometimento com a forma como extravasa as suas emoções e pensamentos pela música. É por isso, uma talentosa compositora de verdadeiras canções.
Fur Dixon mostrou-se muito simpática, ao longo do espetáculo, com o público presente, expondo momentos mais ou menos penosos desta sua tour e de como era bom estar na bonita cidade do Porto, depois de passarem por um pesadelo, algures em Espanha, em terrenos lamacentos, num festival qualquer e de como odeia Trump e se congratulou com as manifestações públicas contra ele enquanto faziam a sua tour no Reino Unido. Implorou à audiência que se encontrasse um meio de se verem livre do homem, que tanto a envergonha, enquanto cidadã norte-americana… não houve resposta, mas só fiquei a admirá-la mais pela sua postura e consciência política. Informou também a audiência que a banda esteve para cancelar a presente tour, pois o seu baterista teve de suspender a sua participação no grupo devido a questões familiares inadiáveis nos EUA… e que o presente baterista a tocar com eles só tinha sido incorporado há umas poucas horas de ensaio… e que estava a sair-se muito bem. Confirmo plenamente, e considerando a questão, atuou de forma excelente. É só rock’n’roll!
Acompanhada por excelentes músicos com créditos firmados em outras bandas de renome (The Fuzztones, The Dream Syndicate, etc), daqueles que sem grandes virtuosismos técnicos, conseguem fazer sempre a ligação perfeita entre os andamentos e os silêncios das músicas, o concerto foi de combustão lenta, mas certeira e em crescendo, acabando na apoteose com a interpretação de alguns temas dos The Cramps. E se já era previsível a inclusão de repertório da lendária banda no concerto dos Wtfukushima - por todas as razões e mais uma que se possa imaginar - também fiquei convicto que Fur Dixon pode claramente prescindir deles, face ao seu próprio repertório, que é de grande qualidade e que se basta a si mesmo. Não precisa das memórias, para se validar por si mesma, na atualidade.
© Guilherme Lucas |
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