© Guilherme Lucas |
Words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro);
photos Guilherme Lucas
Mars Red Sky a French trio from Bordeaux played last Saturday at
Woodstock 69.
Musically the band places itself within a heavy psychedelic rock
sound of 70's matrix, but with a strong doom component. Therefore, one can
consider them an interesting update, by means of renovation within stoner rock,
with a very personalized path. The proof lies in their existing prolific
discography of great quality with the very curious common feature of being
listenable with pleasure and without added difficulties, definitely proof that
there is a higher "pop" sense in constructing great psych-doom themes
to reach larger audiences. It is no coincidence that they’re a band that has in
its curriculum important performances in several international festivals within
their style and similar ones.
Essentially, what I come out with from Porto’s concert was the
confirmation of two peculiar aspects perceived in their discography, but that are
fully confirmed live. Namely: the vocalista- guitarist, Julien Pras, owns a unique
voice and a way of singing that makes the difference within this genre. Instead
of the traditional rough vocals of the genre, he offers us a calm and fragile
voice, in a very melodic, crystalline (and captivating) timbre, leading us into
hypnotic and somewhat cinematic landscapes in many of the vocalized moments. That
is possibly the biggest difference Mars Red Sky have in relation to many other
bands of its ilk. Another retained aspect has to do with the form (which I
classify as post-punk and economic) of performing the themes‘s solos. They are
psychedelic, but not typically executed and cliché within the genre; there are
no elaborate and endless scales to go through, but rather an excellent use of
fuzz and wah-wah in a ripped and precise way. This is one of their
characteristics that I appreciate a lot and that stems from the conceptual way
the band approaches their themes.
In my opinion, there is, however, a less positive point that I have identified
in the trio’s performance and that is purely performative: they offer a monotonous
and very physically scant performance throughout their show, limiting themselves
almost exclusively to "throw" their themes very precisely. If there
are many moments in which this type of posture is understood, there are also
many others that demand more intervention from the band. But this does not
occur, that is, their performance is always at a single speed and emotion from
the beginning to the end of the concert. Undoubtedly, in that regards, there is
some "gaze" in their performance, and not so much in their music.
Aside from that, I can also conclude that both the audience
present (who supposedly knew what they were getting themselves into), and the
band, were satisfied enough at the end of the show. The many applause given to
the group prove so.
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O trio francês, da cidade de Bordeaux, Mars Red Sky, apresentou-se ao vivo no passado
sábado, no Woodstock 69.
A banda está musicalmente inserida dentro de uma sonoridade rock psicadélica
pesada, de matriz anos 70, mas com uma forte componente doom. Podemos, por
isso, considerar que são uma interessante atualização, por via renovadora,
dentro do stoner rock, numa direção muito personalizada. A prova disso é a já
sua prolífica discografia de grande qualidade e com o muito curioso aspeto
comum de que estas se escutam com agrado e sem dificuldades acrescidas, o que é
definitivamente prova de que existe um elevado sentido “pop” de construir
grandes temas psych-doom para atingir públicos maiores. Não é por acaso que são
uma banda que conta já no seu currículo com atuações importantes em alguns
festivais internacionais dentro do seu estilo e afins.
Essencialmente, o que retive deste seu concerto no Porto, foi a
confirmação de dois aspetos peculiares que se percebem na sua discografia, mas
que ao vivo se confirmam plenamente. A saber: o seu vocalista e guitarrista,
Julien Pras, é senhor de uma voz muito singular e de uma forma de cantar que
faz a diferença dentro deste género. Ao invés da tradicional vocalização rude e
agreste do género, oferece-nos uma voz calma e frágil, num timbre muito
melódico, cristalino (e cativante), conduzindo-nos para paragens hipnóticas e
algo cinemáticas em muitos dos momentos vocalizados. Este é possivelmente o
ponto mais diferenciador dos Mars Red Sky em relação a muitas outras bandas do
seu género. Um outro aspeto retido tem a ver com a forma (que classifico de
post-punk e económica) de executar os solos dos temas. Os solos são
psicadélicos, mas não são executados de forma típica e cliché dentro deste
género; não existem elaboradas e infinitas escalas a percorrer, mas sim um
excelente uso do fuzz e do wah-wah, de forma rasgada e precisa. Esta é uma das
suas características que aprecio bastante e que deriva na forma conceptual como
a banda aborda os seus temas.
Há contudo, e na minha opinião, um ponto menos positivo que identifiquei na
atuação do trio e que é de pendor exclusivamente performativo: estes oferecem
uma atuação monótona e muito pouco física ao longo do seu espetáculo,
limitando-se quase que exclusivamente a “debitar” os seus temas de forma muito
precisa. Se há muitos momentos em que este tipo de postura se entende, há
também muitos outros que se pedem mais interventivos por parte da banda. Mas
isso não ocorre, ou seja, a sua atuação é sempre a uma única velocidade e a uma
só emoção do início ao fim do concerto. Sem dúvida, que nesse aspeto, existe
algo de “gaze” na sua performance, e não tanto na sua música.
Tirando este aspeto, posso também concluir que tanto o público presente (que
supostamente sabia ao que ia), como a banda, se deram por bastante satisfeitos
no final do espetáculo. Os muitos aplausos oferecidos ao grupo são prova disso
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