Monday, 1 July 2019

Servo + O Manipulador, Woodstock 69, Porto, 28.06.2019. Part 1 - O Manipulador

© Guilherme Lucas 


words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos Guilherme Lucas

O Manipulador is musician Manuel Molarinho’s - better known as the bass player and singer of Porto’s duo Baleia Baleia Baleia, one man band project. I confess that only very recently - when reading the event on Facebook for the concert in Campanhã’s bar have I heard about Manipulator. A deep analysis of what his work on Youtube Bandcamp and so, I nearly instantly went into loop mode during my daily listening of what I heard, and saw, about him. No need to add much more about how much I liked his music . I was amazed to realize the project has existed for 9 years, already something of a "veteran"  compared with the fresh existence of Baleia, Baleia, Baleia.
Attentively listening to his songs on his Bandcamp I was strongly convinced it was a very interesting and original project, with good songs pop-rock with a strong experimental-electronic inclination and something psychedelic (those are, in fact, huge songs, I Know  being an obvious case), and other great tracks, that aren’t specifically songs, have their own personality. His lyrics are equally good: short and accurate, such brief pamphleteering poetry of opposite feelings, totally rock'n'roll, between failure, anguish and love love, and the hope to erase it all. In a nutshell: I like everything in Manipulator’s music; Touching for my parameters.
Last Saturday’s concert would assist to realize how everything of his I have been hearing up to this point, and almost daily, would be live. I went  expecting to listen to some of his songs that captivated me most, but that was not the case. The concert was performed in a different concept, different from his recordings, but only when it come to song format. It was a performance of experimentation, obviously with some recognizable links to his discography, but with the improvisation reflected in many of his songs sound textures. In such regard, the show was very good and the audience t proved it at the end of each of track, thanking with warm applause.
One must praise the clever and very diversified way in which Manuel Molarinho performs his music. It is not only good taste that prevails in his performance, but also the wit of being able to offer a melting pot of several influences to the audience, performing a very idiosyncratic, coherent and adult work. The way he "humanizes" many of his digital sounds that reverberate through the paraphernalia of his bass pedals is remarkable.

Because of his obvious talent Manuel Molarinho is a great musician, one of those one must have in high regard for years to come within our musical landscape. The warning has been issued.


© Guilherme Lucas 


texto e fotos: Guilherme Lucas

O Manipulador é um projeto em formato one man band do músico Manuel Molarinho, mais conhecido como o baixista e vocalista do duo portuense Baleia Baleia Baleia. Confesso que só tomei conhecimento sobre a existência deste Manipulador muito recentemente, aquando da leitura do evento no Facebook para este seu concerto no bar de Campanhã. Numa profunda análise ao que há, dele, nos Youtubes e Bandcamps desta vida, quase que instantaneamente entrei em modo de loop na escuta diária do que ouvi, e vi, sobre ele, não precisando de adiantar muito mais sobre o quanto gostei da sua música. Mais fiquei espantado por constatar que este projeto já existe há 9 anos, ou seja, já algo “veterano” se considerarmos a comparação com a existência ainda algo recente dos Baleia, Baleia, Baleia.

Na escuta atenta dos seus temas no seu Bandcamp ficou-me a forte convicção de um projeto muito interessante e original, com boas canções dentro de uma tipologia pop/rock de forte pendor experimental/eletrónico e algo psicadélico, (há, na realidade, enormes canções, como é o caso óbvio de um I Know), e outros excelentes temas, que não sendo especificamente canções, tem a sua personalidade própria. As suas letras são igualmente boas: curtas e certeiras, qual breve poesia panfletária de sentimentos opostos, completamente rock’n’roll, entre o falhanço, a angústia e a perda no amor, e a esperança de anular tudo isso. Resumindo: gosto de tudo na música deste Manipulador; é tocante para os meus parâmetros.

Este seu concerto do passado sábado serviria para perceber como tudo o que andei a ouvir dele até esse momento, e quase que diariamente, resultaria ao vivo. Ia com a expetativa de ouvir algumas das suas canções que mais me cativaram, mas isso não aconteceu de todo. O concerto foi todo ele realizado num outro conceito, diferente dos seus trabalhos discográficos, mas unicamente no que respeita ao formato de canção. Foi isso sim uma performance de experimentação, tendo obviamente algumas linhas condutoras reconhecíveis na sua discografia, mas que refletiu o improviso em muitas das texturas sonoras que as suas canções possuem. E neste aspeto, o espetáculo foi muito bom e o público presente fazia prova disso, no final de cada um dos seus temas, agradecendo com palmas calorosas.

Há que elogiar a forma inteligente e muito diversificada como Manuel Molarinho realiza a sua música. Não é só o bom-gosto que impera na sua atuação, mas também a sagacidade em conseguir oferecer um melting pot de influências várias ao público, realizando um trabalho muito idiossincrático, coerente e adulto. A forma como “humaniza” muitos dos seus sons digitais que ecoam por via da parafernália de pedais do seu baixo, é marcante.

Manuel Molarinho é um grande músico, daqueles de que se tem de ter em muito boa conta para os próximos anos, dentro do nosso panorama musical, pelo seu óbvio talento. O recado está dado à navegação. 


© Guilherme Lucas 


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