Monday, 1 July 2019

Servo + O Manipulador, Woodstock 69, Porto, 28.06.2019. Part 2 – Servo





© Guilherme Lucas 



words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos Guilherme Lucas

French band SeRvo from Rouen were next. They played for the first time in Portugal at the already unavoidable Woodstock 69. The next day they would play their second, and last Portuguese date, at a festival in Lisboa.
My curiosity and interest in seeing the band live was high because, so far, I like their discography (their latest album in 2016 The Lair Of Gods, a good and interesting LP that deserves a good listening).

SeRvo are a band musically inserted within post-punk, but with a strong psychedelic predominance, being classified in a "modern" way, for the new generations as post-punk/psych. What struck me the most in their songs was their peculiarity in using a vocal aesthetic that is haunted in an undeniable way by the ghost of Ian Curtis or even Robert Smith of The Cure, but which becomes something of its own, projecting the influence in a manner that I classify as Gregorian chant à la Ian Curtis. Something liturgical and deep that works very well, showing new directions within post-punk.

The concert the trio offered the audience was excellent and overwhelming. The typical case of a group that distills a shattering energy live concert that cannot be guessed by its discography. It's a band that should already have a live record because last Saturday’s concert was  fantastic and memorable. Really good stuff, therefore.

The show was practically performed without stage lighting, with the three musicians remaining in near darkness most of the time, but for some occasional strobes explosions during their themes most intense moments, and colourful lights, such as Christmas tree ornament ones, that covered Arthur Pierre, their guitar player and singer guitar pedals’ box, serving as the only light signalling. That and the projection of a Japanese, or Asian, B-series or so film, where from time to time scenes of violent sex, submissiveness and lust developed. There were times when everything was interconnected, music and projected images, and it all made sense, even if they are not things to be detailed in this no-future review of mine.

When the band ended their performance it was disappointing, because the audience demanded that they carry on with their show a little longer, at least to play an encore, which proves how amazing this show was. It must also be noted that the stage  sound was too good and when that happens in conjugation with a good band, very good things tend to happen.

Afterwards, I informally chatted with the SeRvo replacement bass player (the original bass player was unable to attend the concert in Porto due to to studies and exams commitments, but would perform the next day in Lisboa). Anne-Laure Labaste was very communicative and friendly and left it clear to that it was the first time she played with the band live, although they were all friends and shared positions with her band Bungalow Depression, that I did not knew of, but now I do and like.  Jokingly she told me that the next day she would not play with the band, but that she would be drinking beer with them. By way of a final comment, we talked about Porto’s 10,000 Russos and there was a special glow in her eyes, enthusiastically mentioning that she was a fan of the band and talking about a performance that she watched - somewhere in France, I think, that left her quite impressed.

In a nutshell: SeRvo are great live and highly recommendable. I hope to see them again if they come by.



© Guilherme Lucas 



texto e fotos: Guilherme Lucas

Seguiram-se os franceses SeRvo, da cidade de Rouen, que se apresentaram pela primeira vez ao vivo em Portugal, no já incontornável Woodstock 69. No dia seguinte concluiriam a sua segunda, e última data portuguesa, num festival em Lisboa.

A minha curiosidade e interesse em observar esta banda ao vivo era elevada, pois, gosto da sua discografia até à data (o seu último trabalho de longa duração é de 2016, de nome The Lair Of Gods, um bom e interessante LP merecedor de uma boa escuta).

Os SeRvo são uma banda inserida musicalmente dentro do post-punk, mas com uma forte predominância psicadélica, sendo classificados de forma “moderna”, para as novas gerações, de post-punk/psych. O que mais me chamou a atenção nas suas canções foram a sua peculiaridade em usar uma estética vocal que é assombrada de forma indesmentível pelo fantasma de um Ian Curtis ou até de um Robert Smith dos The Cure, mas que se torna algo original, projetando essa influência num registo que classifico aqui de canto gregoriano à la Ian Curtis. Algo litúrgico e profundo e que resulta muito bem, demonstrando novas direções dentro do post-punk.

O concerto que o trio ofereceu ao público foi simplesmente excelente e avassalador. Este é o típico caso de um grupo que destila uma energia demolidora em concerto que não se adivinha pela sua discografia. É banda que devia ter já um disco ao vivo gravado, pois, neste concerto de sábado passado, foram simplesmente fantásticos e memoráveis. Coisa muito boa, portanto.
Este seu espetáculo foi praticamente realizado sem iluminação de palco, permanecendo os três músicos na quase penumbra na maior parte do tempo, não fossem algumas explosões pontuais de strobs em momentos mais intensos dos seus temas, e umas luzes coloridas, dessas de enfeite para árvores de Natal, que cobriam a caixa de pedais de guitarra do seu guitarrista e vocalista, Arthur Pierre, e que serviram de única sinalização luminosa. Isso e a projeção de um filme japonês, ou asiático, de série B, ou afim, onde de vez em quando se desenrolavam cenas de sexo violento, submissão e luxúria. Momentos houve em que tudo se interligou, música e imagens projetadas, e tudo fez sentido, mesmo que não sejam coisas para ser aqui descritas nesta minha review sem futuro.

Quando a banda deu por finalizada a sua atuação foi uma desilusão, pois, o público presente exigia que prolongassem o seu espetáculo um pouco mais, que fizessem pelo menos um encore, o que prova o quanto magnífico foi este seu espetáculo. Há que salientar também que o som de palco estava bom demais e quando assim é, e se conjuga com uma boa banda, coisas muito boas geralmente ocorrem.

Após o concerto, conversei informalmente com a baixista substituta dos SeRvo (o baixista original não conseguiu marcar presença neste concerto no Porto, devido a compromissos com estudos e exames, mas que já se apresentaria no concerto no dia seguinte em Lisboa). Anne-Laure Labaste, muito comunicativa e simpática, esclareceu-me que foi a primeira vez que tocou com a banda ao vivo, embora sejam todos amigos e partilhem com ela posições na sua banda, os Bungalow Depression, que não conhecia, mas que já estou a conhecer, e a gostar. Algo a brincar, disse-me que no dia seguinte já não tocaria com a banda, mas que estaria com eles para beber as suas cervejas. Em jeito final, ocorreu falar sobre os portuenses 10 000 Russos e fez-se um brilho especial nos seus olhos, referindo entusiasticamente ser fã da banda e sobre uma atuação a que assistiu deles e que a impressionou bastante, algures em França, acho.

Concluíndo: estes SeRvo são fantásticos ao vivo e são altamente recomendáveis. Espero conseguir vê-los novamente se cá voltarem.



© Guilherme Lucas 



No comments:

Post a Comment