© Guilherme Lucas |
words:
Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos Guilherme Lucas
French band
SeRvo from Rouen were next. They played for the first time in Portugal at the
already unavoidable Woodstock 69. The next day they would play their second,
and last Portuguese date, at a festival in Lisboa.
My curiosity
and interest in seeing the band live was high because, so far, I like their
discography (their latest album in 2016 The Lair Of Gods, a good and
interesting LP that deserves a good listening).
SeRvo are a
band musically inserted within post-punk, but with a strong psychedelic
predominance, being classified in a "modern" way, for the new
generations as post-punk/psych. What struck me the most in their songs was their
peculiarity in using a vocal aesthetic that is haunted in an undeniable way by
the ghost of Ian Curtis or even Robert Smith of The Cure, but which becomes
something of its own, projecting the influence in a manner that I classify as
Gregorian chant à la Ian Curtis. Something liturgical and deep that works very
well, showing new directions within post-punk.
The concert
the trio offered the audience was excellent and overwhelming. The typical case
of a group that distills a shattering energy live concert that cannot be
guessed by its discography. It's a band that should already have a live record
because last Saturday’s concert was fantastic and memorable. Really good stuff,
therefore.
The show was
practically performed without stage lighting, with the three musicians
remaining in near darkness most of the time, but for some occasional strobes explosions
during their themes most intense moments, and colourful lights, such as
Christmas tree ornament ones, that covered Arthur Pierre, their guitar player
and singer guitar pedals’ box, serving as the only light signalling. That and
the projection of a Japanese, or Asian, B-series or so film, where from time to
time scenes of violent sex, submissiveness and lust developed. There were times
when everything was interconnected, music and projected images, and it all made
sense, even if they are not things to be detailed in this no-future review of mine.
When the band
ended their performance it was disappointing, because the audience demanded
that they carry on with their show a little longer, at least to play an encore,
which proves how amazing this show was. It must also be noted that the stage sound was too good and when that happens in
conjugation with a good band, very good things tend to happen.
Afterwards, I
informally chatted with the SeRvo replacement bass player (the original bass
player was unable to attend the concert in Porto due to to studies and exams
commitments, but would perform the next day in Lisboa). Anne-Laure Labaste was
very communicative and friendly and left it clear to that it was the first time
she played with the band live, although they were all friends and shared
positions with her band Bungalow Depression, that I did not knew of, but now I
do and like. Jokingly she told me that
the next day she would not play with the band, but that she would be drinking
beer with them. By way of a final comment, we talked about Porto’s 10,000
Russos and there was a special glow in her eyes, enthusiastically mentioning
that she was a fan of the band and talking about a performance that she watched
- somewhere in France, I think, that left her quite impressed.
In a
nutshell: SeRvo are great live and highly recommendable. I hope to see them
again if they come by.
© Guilherme Lucas |
texto e
fotos: Guilherme Lucas
Seguiram-se
os franceses SeRvo, da cidade de Rouen, que se apresentaram pela primeira vez
ao vivo em Portugal, no já incontornável Woodstock 69. No dia seguinte
concluiriam a sua segunda, e última data portuguesa, num festival em Lisboa.
A minha
curiosidade e interesse em observar esta banda ao vivo era elevada, pois, gosto
da sua discografia até à data (o seu último trabalho de longa duração é de
2016, de nome The Lair Of Gods, um bom e interessante LP merecedor de uma boa
escuta).
Os SeRvo são
uma banda inserida musicalmente dentro do post-punk, mas com uma forte
predominância psicadélica, sendo classificados de forma “moderna”, para as
novas gerações, de post-punk/psych. O que mais me chamou a atenção nas suas
canções foram a sua peculiaridade em usar uma estética vocal que é assombrada de
forma indesmentível pelo fantasma de um Ian Curtis ou até de um Robert Smith
dos The Cure, mas que se torna algo original, projetando essa influência num
registo que classifico aqui de canto gregoriano à la Ian Curtis. Algo litúrgico
e profundo e que resulta muito bem, demonstrando novas direções dentro do
post-punk.
O concerto
que o trio ofereceu ao público foi simplesmente excelente e avassalador. Este é
o típico caso de um grupo que destila uma energia demolidora em concerto que
não se adivinha pela sua discografia. É banda que devia ter já um disco ao vivo
gravado, pois, neste concerto de sábado passado, foram simplesmente fantásticos
e memoráveis. Coisa muito boa, portanto.
Este seu
espetáculo foi praticamente realizado sem iluminação de palco, permanecendo os
três músicos na quase penumbra na maior parte do tempo, não fossem algumas
explosões pontuais de strobs em momentos mais intensos dos seus temas, e umas
luzes coloridas, dessas de enfeite para árvores de Natal, que cobriam a caixa
de pedais de guitarra do seu guitarrista e vocalista, Arthur Pierre, e que
serviram de única sinalização luminosa. Isso e a projeção de um filme japonês,
ou asiático, de série B, ou afim, onde de vez em quando se desenrolavam cenas
de sexo violento, submissão e luxúria. Momentos houve em que tudo se
interligou, música e imagens projetadas, e tudo fez sentido, mesmo que não
sejam coisas para ser aqui descritas nesta minha review sem futuro.
Quando a
banda deu por finalizada a sua atuação foi uma desilusão, pois, o público presente
exigia que prolongassem o seu espetáculo um pouco mais, que fizessem pelo menos
um encore, o que prova o quanto magnífico foi este seu espetáculo. Há que
salientar também que o som de palco estava bom demais e quando assim é, e se
conjuga com uma boa banda, coisas muito boas geralmente ocorrem.
Após o
concerto, conversei informalmente com a baixista substituta dos SeRvo (o
baixista original não conseguiu marcar presença neste concerto no Porto, devido
a compromissos com estudos e exames, mas que já se apresentaria no concerto no
dia seguinte em Lisboa). Anne-Laure Labaste, muito comunicativa e simpática,
esclareceu-me que foi a primeira vez que tocou com a banda ao vivo, embora
sejam todos amigos e partilhem com ela posições na sua banda, os Bungalow
Depression, que não conhecia, mas que já estou a conhecer, e a gostar. Algo a
brincar, disse-me que no dia seguinte já não tocaria com a banda, mas que
estaria com eles para beber as suas cervejas. Em jeito final, ocorreu falar
sobre os portuenses 10 000 Russos e fez-se um brilho especial nos seus olhos,
referindo entusiasticamente ser fã da banda e sobre uma atuação a que assistiu
deles e que a impressionou bastante, algures em França, acho.
Concluíndo:
estes SeRvo são fantásticos ao vivo e são altamente recomendáveis. Espero
conseguir vê-los novamente se cá voltarem.
© Guilherme Lucas |
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