Surma © Telma Mota |
words: Paulo Carmona (freely translated by Raquel Pinheiro); photos: Telma Mota
The most seasoned man in Porto had his birthday on the 28th of January and, as usual, he tried to do it with pomp and circumstance. From a cool, thematic, quaint and original celebration of years past, it turned into one more hell of a mess. If before, amidst smiles, greetings, sidelong glances and the likes one wandered from room to room, more or less calmly, today we moved with difficulty amid pushing, inevitable rubbing, insults, spilled beer, the smell of sweat and more or less less lawful aromas. However, also with peace of mind because the mood is celebratory. And it was all quite cute.
Let's get down to business: the music and musical projects that were part of this year's menu. And here I have to confess that it is completely impossible to cover all the performances decently, with deserving attention since concerts were taking place at the same time. I'm going to be a generalist and dwell a little more on some projects that I had the chance to savour more closely.
The aforementioned menu included: Paulo Cunha Martins, Tó Trips, Inês Malheiro, Clementine, Querido Lider, House Plants, Lefty, Travo, Sarnadas, Surma, O Gajo (The Guy) who did not caught covid last here (I did), The Black Wizards, Alex Silva, Ricardo Martins, Baleia Baleia Baleia, Otsoa, Kurtis Klaus Ensemble, A Boy Named Sue (records player) and on Mupi gallery, Azia. That is, a real Festival. Everyone gave their best contribution and from the lineup I highlight those I was able to see and hear more carefully given the circumstances.
I will start with Surma, Débora Umbelino’s project who presented herself as herself: irreverent, lascivious, among experimental electronics, at times minimalist, among samplers, frenetic guitars, distorted bass and unconventional instruments, song after song, always reinventing herself with a lot of grit and the attitude of someone who already does it for love and with lots of confidence. Very nice.
The Black Wizzard left me for dead. Okay, that's it, pure and hard. They deliver Rock'n'Roll in such a powerful and electrifying way that puts any audience on alert. The nostalgic 70's are impregnated in their melodies. Joana Brito's voice, every now and then, reaches incredible notes, with a remarkable and consistent vocal range. The guitar is crazy, full of attitude, it breathes fire with grit and arrogance that will make any lover of the genre shiver. The bass is exuberant and super-competent, making bedding well with the drums while the guitar and the voice lie in a humid, agitated and adolescent dream. At times, reminding me of the Yeah Yeah Yeahs, other times of The Raconteurs. The first ones for the vocalizations, the second ones for the competent syncopes, starts and sound daydreams. An excellent surprise.
Baleia Baleia Baleia are beyond crazy every day. Which is good. Very good. Drums and vocals, Bass and vocals … and that's it! Then it's hearing and seeing all that. Yes, because it is to be seen. There are bands like this. It's licking wounds from beginning to end of their performance. Of course there was first class pogo, slam and mosh. How not to? It seems that they are always ready to party and it inevitably happened. Punk, garage; power pop and everything you want to put on a pizza with an irreverent flavor.
Then it was over for some. For others the night carried on into another memorable night in Porto with a rhythmic base. Salgado!, mate, keep having a birthday!
texto: Paulo Carmona; fotos: Telma Mota
O homem mais bem temperado do Porto fez anos no passado dia 28 de Janeiro e, como é habitual, tratou de o fazer com pompa e circunstância. De uma comemoração bacana, temática, catita e original de outros anos, passou a ser isso tudo, mais uma confusão do caraças. Se dantes entre sorrisos, cumprimentos, olhares de soslaio e afins, se ia deambulando de sala em sala, mais ao menos tranquilamente, hoje movemo-nos com dificuldade entre empurrões, roço inevitável, impropérios, cerveja entornada, cheiro a suor e aromas mais ou menos lícitos. Mas também com tranquilidade pois o estado de espírito é de festa. E foi tudo muito giro.
Mas vamos ao que interessa. A música e os projetos musicais que faziam parte do cardápio deste ano. E aqui tenho de confessar que é de todo impossível cobrir decentemente todas as atuações, com a atenção que todas merecem uma vez que os concertos decorriam ao mesmo tempo. Vou ser generalista e deter-me um pouco mais em alguns projetos que tive hipótese de degustar com mais atenção.
Do supracitado cardápio faziam parte: Paulo Cunha Martins; Tó Trips; Inês Malheiro; Clementine; Querido Lider; House Plants; Lefty; Travo; Sarnadas; Surma; O Gajo que não apanhou covid o ano passado (eu apanhei); The Black Wizards; Alex Silva; Ricardo Martins; Baleia Baleia Baleia; Otsoa; Kurtis Klaus Ensemble; A boy Named Sue (Bota discos) e no Mupi gallery, Azia. Ou seja, um verdadeiro Festival. Todos deram o seu melhor contributo e deste alinhamento destaco o que me foi possível ver e ouvir com mais atenção, dadas as circunstâncias.
Começo por Surma, projeto de Débora Umbelino que se apresentou igual a sí própria: irreverente, lasciva, entre uma eletrónica experimental, ás vezes minimalista, entre samplers, guitarras frenéticas, baixos distorcidos e instrumentos pouco convencionais, musica após música, reinventa-se sempre com muita garra e atitude de quem já o faz por amor e com muita confiança. Muito nice.
Os Black Wizzard partiram-me todo. Pronto, é assim, puro e duro. Debitam um Rock’n’Roll de tal maneira potente e eletrizante que põe qualquer audiência em estado de alerta. Os saudosos 70’s estão impregnados nas suas melodias. A voz da Joana Brito, volta e meia, atinge notas incríveis, com uma amplitude vocal notável e consistente. A guitarra é uma coisa louca, cheia de atitude, cospe fogo com garra e altivez que arrepiam qualquer amante do género. O baixo é exuberante e super-competente, fazendo bem a cama com a bateria onde se deitam a guitarra e a voz num sonho húmido, agitado e adolescente. Às vezes, aqui e ali, fez-me lembrar Yeah Yeah Yeahs, outras vezes, The Raconteurs. A primeira pelas vocalizações, a segunda pelas competentes sincopes, arranques e devaneios sonoros. Uma excelente surpresa.
Baleia Baleia Baleia é chanfradíssimo todos os dias. O que é bom. Muito bom. Bateria e voz; Baixo e voz… e chega! Depois, é ouvir e ver aquilo tudo. Sim, porque é para ser visto. Há bandas assim. É a lamber as feridas do princípio ao fim da atuação. Claro que houve pogo, slam e mosh do bom. Como não? Parece que estão sempre prontos para a festa e que acabava por acontecer, inevitavelmente. Punk; Garage; Power pop e tudo o que quiserem meter na pizza de sabor irreverente.
Depois acabou para alguns, para outros continuou noite fora e mais uma noite memorável Porto com base rítmica. Oh Salgado, continua a fazer anos, pá!
Baleia Baleia Baleia © Telma Mota
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