© Guilherme Lucas |
Príncipe | Cavalheiro, Passos Manuel, Porto, 09.03.2019 - Part 2: Cavalheiro.
words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos Guilherme Lucas
If I went to see Príncipe with some doubts that need to be clarified, with Cavalheiro my position was quite different. The intention was merely to allow myself to be wrapped, without resistance, by his magnificent songs. It was almost always so each time I went to concerts, and the latter, once again at Manuel Passos, was no exception. Sometimes I think I'm the only person in my circle of friends and acquaintances (real and virtual), who really appreciates the great songs of musician Tiago Ferreira. Because, being an assiduous presence in almost all his concerts in Porto since nearly a decade ago ... only at times do I identify a known face in the audience that is never big. Strange, or maybe not.
It's as if Cavalheiro is a closely guarded secret and the world is not aware of it. If that is true, it only makes me like this musical project more, although that is of no use to the musicians.
In last Saturday's concert, Tiago Ferreira and his companions basically performed the last album, called Falsa Fé, released February 2018. A year went by since its launch, with a third concert in Porto to promote it, in a mission of one concert per semester in the city (February 2018, Passos Manuel and in November 2018 at Casa da Música). The novelty, or added value, resided in the interpretation of a song that was not selected to feature on the album, and that is being used as a career enhancement, while a new album is in the waiting. The song is called Ninguém Me Avisou, and has the curiosity to be a beautiful duet with Xana, Rádio Macau's singer. I am not much aware of what Tiago Ferreira is achieving with this song, but for what I've been reading, here and there, in social and related networks, it's a song that has generated a lot of interest, both in because of the music as well as the video.
I was not surprised by this show. I mentioned before, maybe has a consequence of having watched others with different formations. There is something already familiar and almost like guessing when Tiago Ferreira's dedications, loaded with caustic humor between songs (this time the best of all was a pun / analogy between the song Rendez-Vous and the late Zé Pedro and the impossibility of Tiago Ferreira not being able, for now, to accomplish the meeting). Great, and Zé Pedro, I want to believe, was going to have a laugh too. Besides, like the previous ones, it was an excellent concert. This is not a band that excellent sweats their songs. Their league is to play exemplary their classy songs, within great taste and class. A disciplined band, one where each one knows the space and the importance that it has in the different dynamics of each theme, with an exemplary good result, in a sailing rhythm (now it is my turn to make an analogy).
I realized several nuances in his songs, mostly because of two guitars' game, of textures that remit to shoegaze and some dream-pop. They were probably always there (it the records it does not seem obvious), but, this time around, it was clearer to me. Maybe it was the room acoustics effect and a greater reverberation effect ... or not. I really liked it. Everything became more intense and cinematic.
At the end of the concert, under applause, Tiago Ferreira climbed back onto the stage to solo, and touchingly perform the song Fundo do Mar, from the album Ritmo Cruzeiro. It was a moment of pure magic. Already outside I was thinking to myself that I like to watch one-man-band projects more than bands, as even if stripped all the band arrangements Cavalheiro's song remain pure pop pearls. It's comforting to realize it.
It was a magnificent night and I got lost in it.
© Guilherme Lucas |
texto e fotos: Guilherme Lucas
Se a Príncipe acorri com algumas dúvidas por esclarecer, com Cavalheiro a minha postura foi bem diferente. A intenção era pura e simplesmente a de deixar-me embalar pelas suas magníficas canções, sem resistir. Quase sempre foi assim de todas as vezes que assisti aos seus concertos, e este último, mais uma vez no Passos Manuel, não fugiu a essa regra. Por vezes acho que sou a única pessoa do meu círculo de amigos e conhecidos (reais e virtuais), que aprecia realmente as grandes canções do músico Tiago Ferreira. Porque, sendo assídua presença em quase todos os concertos que este efetuou na Invicta desde há quase uma década atrás… só identifico por vezes uma ou outra cara conhecida na assistência, que nunca é numerosa. Coisa estranha, ou nem tanto. É como se Cavalheiro fosse um segredo muito bem guardado e o mundo não se desse conta. O que a ser eventualmente verdade, só me faz gostar mais deste projeto musical, embora isso não sirva de nada para os músicos.
Neste concerto de sábado passado, Tiago Ferreira e companheiros interpretaram essencialmente o último álbum, de nome Falsa Fé, de Fevereiro de 2018. Um ano passou sobre o seu lançamento, com este seu terceiro concerto no Porto para o promover, em missão de um concerto por semestre na cidade (em Fevereiro de 2018 no mesmo Passos Manuel e em Novembro na Casa da Música). A novidade, ou o valor acrescentado, residiu na interpretação de um tema que não foi eleito para figurar no álbum, e que está a servir de reforço de carreira, enquanto se aguarda por um próximo trabalho de longa duração. O tema chama-se Ninguém Me Avisou, e tem a curiosidade de ser uma belíssima canção em dueto com a Xana, vocalista dos Rádio Macau. Não tenho muita noção do que está a ser alcançado, através deste tema, para Tiago Ferreira, mas pelo que vou lendo, aqui e ali, nas redes sociais e afins, é canção que tem gerado muito interesse, tanto pela música como pelo seu vídeo-clip.
Não me senti surpreendido com este seu espetáculo, e como referi atrás, talvez já consequência de ter assistido a outros da banda, e com diferentes formações. Há algo que já me resulta familiar e quase como já a adivinhar os momentos das dedicatórias de Tiago Ferreira, carregadas de humor cáustico entre canções (desta vez a melhor de todas foi um trocadilho/analogia entre a canção Rendez-Vous e o falecido Zé Pedro e da impossibilidade de Tiago Ferreira não conseguir, por agora, cumprir esse encontro). Genial, e o Zé Pedro, quero crer, também ia dar uma gargalhada. De resto, este concerto foi excelente, como os anteriores. Esta não é uma banda de suar fisicamente as suas canções. O seu campeonato é o de interpretar exemplarmente as canções de grande categoria, dentro de um enorme bom gosto e classe. Banda disciplinada, onde cada um sabe o espaço e a importância que tem nas diferentes dinâmicas de cada tema, com um resultado exemplarmente bom, em ritmo cruzeiro (agora é a minha vez de fazer uma analogia).
Apercebi-me em várias nuances das suas canções, muito pelo jogo das duas guitarras, texturas que remetem para o shoegaze e alguma dream-pop. Possivelmente sempre lá estiveram (não parece óbvio discograficamente), mas isso resultou mais claro para mim desta vez. Talvez efeito da acústica da sala e de um efeito maior de reverberação... ou não. Gostei bastante. Ficou tudo mais intenso e cinemático.
No final do concerto, e sob bastantes aplausos, Tiago Ferreira subiu de novo ao palco para interpretar, a solo, e de forma tocante, o tema Fundo do Mar, do álbum Ritmo Cruzeiro. Foi um momento de pura magia. Eu que gosto mais de assistir a projetos one-man-band do que bandas, fui a pensar com os meus botões, já no exterior, como afinal as músicas de Cavalheiro continuam a ser puras pérolas pop, mesmo que despidas de todos os seus arranjos com banda. É reconfortante constatar isso.
A noite estava a ser magnífica e perdi-me nela.
© Guilherme Lucas |
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