© Guilherme Lucas |
words: Guilherme Lucas (freely translated
by Raquel Pinheiro): photos: Guilherme Lucas.
FERE performed Montedor, their first album released in March by
raging planet. The venue chosen for presentation was Rivoli’s theater Understage
in Porto. The next day it was presented at Sabotage Club, Lisboa.
FERE are quite a new Porto’s instrumental rock four piece (with the singularity of having two basses (they were formed in 2015), and that has in its curriculum, among several concerts in national underground circuit, the creation of Nunca Mates o Mandarim (Never Kill the Mandarin) play soundtrack – adapted from Eça de Queirós Mandarim -, staged by Teatro Experimental do Porto at Teatro Nacional de São João in 2016. However it was this year, with the release of their first album that they reach maturity, where now lies the biggest, and also better expectations to closely follow the band’s path.
That to say that Montedor is, for me, one of the best Portuguese
albums of the year, and within the the post-rock / post-metal genre a
fundamental work to be listened to. Montedor has everything to be a timeless
album far beyond musical genres or fading hypes. It is excellent in everything,
a practically perfect, bigger, adult album; with huge, deep, grim and breathtaking
themes.
From this concert at Understage with a large enough audience
that has always shown pleasure with applause – I have mostly retained two factors,
that seemed to me to be the most relevant:
- FERE are a magnificent band when it comes to silences. I
rarely see rock groups live using silency mastery; as an aesthetic and
emotional splitter between their compositions slow and melancholy tempus and strong
and devastating ones. What makes it fascinating to listen to FERE’s music is
exactly this perfect synchronism between the psychedelic ambient with true
apocalyptic explosions of doom that offer us an authentic reinterpretation of that
musical subgenre, in a very intense and very improved way; with immense class,
I would say. FERE are obscure surfing, updated to today with a strongly
cinematic address.
- Live, they managed to clearly highlight that they have a very
solid, convincing and appealing project for diversified audiences (maybe even for
those a little outside the underground) ... at no point in their show have they
grant space in their music for less successful or amateur approaches. They are
a very good serious band. In said context, there are no hard edges, leaving one
curious as to where they will grow in the near future. Already having an
excellent a business card, their album, I believe that good things will come to
pass.
© Guilherme Lucas |
Os FERE apresentaram ao vivo, e na íntegra, o seu
primeiro álbum, de nome Montedor, lançado em Março deste ano pela raging planet. O local escolhido para a primeira
apresentação foi o palco Understage, do teatro Rivoli, no Porto. Hoje, sábado,
será a vez de Lisboa, no Sabotage Club.
Os FERE, são um quarteto de rock instrumental portuense (com a singularidade de ter dois baixos), ainda bastante recente (formaram-se em 2015), e que tem no seu currículo, entre vários concertos dentro do circuito underground nacional, a realização da banda sonora da peça “Nunca Mates o Mandarim”, adaptada do livro “Mandarim” de Eça de Queirós, levada a cena pelo Teatro Experimental do Porto, no Teatro Nacional S. João, em 2016. Mas é neste ano de 2018, e com o seu primeiro trabalho discográfico, que atingem a maioridade e onde reside agora as maiores – e também melhores - expetativas para seguir de perto o trajeto da banda.
Isto para dizer que Montedor é, para mim, um dos melhores álbuns nacionais deste ano, e dentro da sua tipologia (que é a do post-rock/post-metal) uma peça fundamental para ser escutada. Montedor tem tudo para ser um álbum intemporal e muito para além de géneros musicais ou de hypes passageiros. Porque é excelente em tudo, um disco praticamente perfeito, maior, adulto; com temas enormes, profundos, soturnos e arrebatadores.
Deste concerto da banda, num Understage muito bem composto por um público que sempre demonstrou o seu agrado - com bastantes aplausos - em cada um dos temas interpretados pelo coletivo, retenho essencialmente dois aspetos, que me parecem os mais relevantes:
- Os FERE são uma banda magnífica no domínio dos silêncios. Raramente vejo grupos ao vivo, dentro de uma tipologia rock, a usar o silêncio com mestria; como separador estético e emocional entre tempos lentos e melancólicos, e outros fortes e devastadores, das suas composições. O que torna apaixonante a escuta da música dos FERE é exatamente esse perfeito sincronismo entre o ambiental de pendor psicadélico com verdadeiras explosões apocalípticas de doom, que nos oferecem uma autêntica reinterpretação deste subgénero musical, de uma forma muito intensa e bastante aprimorada; direi mesmo, com imensa classe. Os FERE são surf obscuro, atualizado para os dias de hoje, num discurso fortemente cinemático.
- Conseguiram evidenciar ao vivo, e de forma esclarecida, que tem um projeto bastante sólido, convincente e apelativo, e para públicos diversificados (talvez até um pouco para fora do underground)… em momento algum do seu espetáculo concederam espaço na sua música para abordagens menos conseguidas ou amadoras. São uma banda a sério, das muito boas. Não havendo, neste contexto, arestas a limar, fica a curiosidade de perceber para onde conseguirão crescer no futuro mais próximo. Possuindo, desde já, um excelente álbum como cartão de visita, estou em crer que coisas boas certamente ocorrerão.
© Guilherme Lucas |
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