Okoyome © Guilherme Lucas |
words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel
Pinheiro); photos: Guilherme Lucas
Okoyome: French trio (from Toulose)
Okoyome opened Wednesday night at Woodstock 69. The band has ramifications with
their countrymen SLIFT, that have also performed at Campanhã’s bar earlier in
the year, more precisely to their bassist Rémi, a member of both bands. This
time, for reasons connected to SLIFT the bass player was a replacement, named
Hugo. Okoyome are going to give several concerts around Portugal, Spain and
France to promote their first - and excellent - work, titled after the group.
Live, they demonstrated in an
enlightened way that they are three very committed great musicians (the drummer
is a giant, for me star of the collective), playing in very frantic and garage
performative register, totally at ease, having in consideration that most of this
instrumental, is, at various times, of high technical elaboration. When I see a
band playing "difficult" things in an uncomplicated way, making it
seem very simple and almost banal, I know I'm watching a performance of good
musicians. Period.
Okoyome are musically
stoner-rock, sludge and doom, making a very interesting and well succeed fusion
of those genres. There is also a psychedelic side to their themes, but mostly
by the voices, which are of the highest quality (such as SLIFT’s ones), and
which send us to landscapes of contemplation and travel (in some aspects very
similar to the slower moments we find in most of the The Young Gods’
discography).
Okoyome were a great live surprise
... I confess that I went to see them with a raised expectation, exclusively by
listening to their first record, but honestly did not expect that they were so
exciting live. The kind of band that comforts our soul, in thesense that if you
do not see concerts, you sometimes lose gems like these French.
Cheap Tissue: Los Angelinos Cheap Tissue, closed
the night. The concert will surely be recorded in the band's memory for years
to come, because of the fainting and fall - presumably caused by an electric
shock – of Andrew Taylor, their guitar player/singer. The quartet began to play
and because of the incident, fortunately without major consequences for the
musician, the performance was immediately stopped to provide the available
assistance. It was not possible to know how such situation may have occurred. Among
various theories and conjectures, with guitar cables on the mix. With a recovered
Taylor the concert carried on normally. Not really, since the band showed the
occurrence during all of its performance, as well as part of the audience,
including writer of these futureless reviews, perfectly understandable and
natural. It was the first time I've seen such a situation live, not a pleasant
thing to see.
Even though Cheap Tissue gave na as much as
possible good concert. The group is musically placed within punk-rock-garage,
all of it via Dead Boys, Testors, Vibrators or New York Dolls, and much of guitarist
Sonny Vincent’s musical work, a certain punk that could have conquered the whole
world in its time (mid 70's), but that was send to the second division in its
evolution to other branches, but still keeping great quality and fidelity to
the rock'n'roll roots of its kind. If we consider that global punk,
in a generic way, has been brutalized in terms of sound over the last decades up
until now, the punk I am referring to, Cheap Tissue’s one, is pop with catchy
choruses, completely rock ' n'roll and nostalgic. It's root punk. In that
sense, it is not unreasonable to consider Cheap Tissue as a current punk-rock
revival band.
The band has been touring Europe (France, Spain,
Portugal) promoting their debut LP, Cheap Tissue, named after the group. It is
a good album within its kind, with some very strong themes, like Hand of
Destruction, that has a great chorus and an addictive tempo, or Dirt, totally
great punk-rock. They also do a very good cover of New Promotion’s Hubble
Bubble, and for me better than the original (up until then I didn’t knew where
it come from, bass player John Tyree enlightened me in a very pleasant informal
after show conversation ). I thought it was a custom cover of the Ramones’ Oh,
Oh, I Love Her So. They also played The Clash’s I'm So Bored With The U.S.A. I
did not confirm real motivation with the band, but in these times trumpian the
intention seemed obvious to me.
Cheap Tissue are a good band that plays well and are very nice people. It was unfortunate to have met them in an unpleasant situation; I’m left with the conviction that one can see them in the future if they return to Portugal. Shit happens but it's only rock'n'roll!
Okoyome © Guilherme Lucas |
texto e fotos: Guilherme Lucas
Okoyome: Os Okoyome, trio francês de Toulose, abriu a noite de
quarta-feira, no Woodstock 69. Esta banda tem ramificações com os seus
conterrâneos SLIFT, que também já
atuaram no bar de Campanhã no início deste ano, mais precisamente ao seu
baixista Rémi, que pertence às duas bandas. Desta vez, e por motivos ligados
aos SLIFT, o baixista que atuou foi um substituto, de nome Hugo. Os Okoyome
andam a dar vários concertos um pouco por Portugal,
Espanha e França para promover o seu primeiro – e excelente – trabalho, com o
mesmo nome do grupo.
Ao vivo, demonstraram de forma esclarecida, serem três grandes músicos muito comprometidos (o baterista é gigante, para mim o diamante do coletivo), atuando num registo performativo muito garage e frenético, com um enorme à vontade, considerando que muito do seu instrumental, é, em diversos momentos, de alguma elevada elaboração técnica. Quando vejo uma banda a tocar coisas “difíceis” de uma forma descomplicada, fazendo a coisa parecer muito simples e quase banal, sei que estou a assistir a um desempenho de bons músicos. Ponto.
Os Okoyome estão musicalmente dentro do stoner-rock, do sludge e do doom, fazendo uma muito interessante e bem conseguida fusão destes géneros. Há também um lado psicadélico nos seus temas, mas essencialmente por via das vozes, que são de enorme qualidade (como as dos SLIFT), e que nos remete para paisagens de contemplação e de viagem (em alguns aspetos muito similares aos momentos mais lentos que encontramos em muita da discografia de uns The Young Gods).
Os Okoyome foram uma excelente surpresa ao vivo... confesso que já os ia ver com a minha fasquia elevada, exclusivamente por via da escuta do seu primeiro trabalho discográfico, mas sinceramente não contava que fossem tão empolgantes ao vivo. Do tipo de banda que nos conforta a alma, naquele sentido de que se não vais ver concertos, perdes, por vezes, pérolas como estes franceses.
Cheap Tissues: Os norte-americanos, de Los
Angeles, Cheap
Tissue, encerraram a noite. Este concerto ficará seguramente
registado na memória da banda para os anos seguintes, derivado do desmaio e
queda - provocado presumivelmente – por um choque elétrico, ao seu
guitarrista/vocalista Andrew Taylor. O quarteto começara a atuar e com a
ocorrência deste incidente, felizmente sem consequências de maior para o
músico, foi imediatamente interrompida a atuação, para se prestar a assistência
possível, não se conseguindo perceber como tal situação possa ter ocorrido.
Entre várias teorias e conjeturas, com cabos de guitarra à mistura. Com o
restabelecimento de Andrew Taylor, o concerto prosseguiu normalmente. Não tanto
assim, já que a banda acusou desta ocorrência durante toda a sua atuação, bem
como parte do público, incluíndo aqui o escriva destas reviews sem futuro, o
que é perfeitamente compreensível e natural. Foi a primeira vez que assisti a uma
situação destas ao vivo, e não é algo agradável de se ver.
Os Cheap Tissue, mesmo assim, deram um bom concerto, dentro do possível. O grupo está musicalmente situado no punk-rock-garage, todo ele por via de uns Dead Boys, de uns Testors, de uns Vibrators ou de uns New York Dolls, e de muito do trabalho musical do guitarrista Sonny Vincent, ícone maior de um certo punk que podia ter conquistado, no seu tempo (meados dos anos 70), todo o planeta, mas que foi relegado para a segunda divisão na evolução que este fez para outras ramificações, continuando contudo a ter uma grande qualidade e fidelidade às raízes mais rock’n’roll do seu género. Se considerarmos que o punk global, de forma genérica, se brutalizou em termos sonoros ao longo das últimas décadas até à atualidade, este punk que estou a referir, e que é o dos Cheap Tissue, é pop e de refrões orelhudos, completamente rock’n’roll e nostálgico. É o punk de raiz. Nesse sentido, não é displicente considerar os Cheap Tissue como uma banda revivalista punk-rock nos dias de hoje.
A banda tem estado em tour pela Europa (França, Espanha, Portugal), em promoção do seu LP de estreia com o mesmo nome do grupo, Cheap Tissue. Este é um bom álbum dentro do seu género, com alguns temas muito fortes, como o Hand of Destruction, com um grande refrão e um andamento viciante, ou Dirt, completamente punk-rock do bom. Fazem ainda uma versão do New Promotion dos Hubble Bubble, muito bem conseguida, e para mim melhor que a original, (desconhecia até aquele momento a sua origem, que me foi revelada pelo baixista John Tyree, numa muito agradável conversa informal, após o espetáculo). Pensava que era uma versão personalizada do Oh, Oh, I love her so, dos Ramones. Tocaram também ao vivo o I’m soo bored with the U.S.A., dos The Clash Não confirmei com a banda a real motivação, mas parece-me óbvia a intenção, nestes tempos trumpistas.
Os Cheap Tissue são uma boa banda, tocam bem e é pessoal muito simpático. Foi pena os ter conhecido numa situação desagradável; fica a convicção de os poder ver num futuro, caso voltem aqui ao cantinho. Shit happens but it’s only rock’n’roll!
Okoyome © Guilherme Lucas |
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