Friday, 23 November 2018

João + The Saxophones – part 2: The Saxophones., Hard Club, Porto, 22.11.2018.



João + The Saxophones – part 2: The Saxophones., Hard Club, Porto, 22.11.2018.
words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos: Guilherme Lucas.
The Saxophones a duo from Oakland, California performed last Thursday in Porto during their Winter European mini-tour, promoting their latest album Songs of The Saxophones (June 2018).
The venue chosen for the first Portuguese show was an almost to capacity Hard Club’s Sala 2 which for a Thursday is always something remarkable. They will perform in Lisboa on Saturday.
This duo is, in its operational base, an artistic extension of the two musicians, since they are a couple. They are Alexi Erenkov (voice, guitar and saxophone), the husband and founder of the project, and his wife, Alison Alderdice (percussion and vocals). They share common endeavors and tastes together, finding in their music the perfect way to publicly express their feelings and many of the daily aspects of their relationship. Live, and in studio, they have the collaboration of Richard Laws, a longtime friend (bass, vibraphone, vocals). In addition to being a couple they are also parents (for the first time) of a very recent offspring.
Recently the duo has been talked about because of the excellent reception to their work, both from specialized music critics as well as the general public. Although this project is the product of a decade only about two years ago did it begin to draw attention, mostly because their first work and of gems like the song If You're On The Water (2016), that also titles the album.
What seduced me in this band, right after listening to it for the first time when I discovered them, was that they were "haunted" by the Twin Peaks factor, largely because of their sweeping version of Just You. And yes, it's undeniable that there are many noir ambiences from David Lynch and Angelo Badalamenti’s compositions in The Saxophones’s songs of, in it residing much of the interest in their sound. But not because the latter are mere "clones" of the artists mentioned above, only because they also drink from to the same musical influences. As is the case Exotica - Hawaiian 1950s music -, jazz in general (Alexi Erenkov is a studious musician and passionate about jazz, The Saxophones being the antidote found to simplify his musical discourse), as well as the most singable surf music, which irrevocably leads to the so-called dream pop. There as much of Everly Brothers as of Roy Orbison or Leonard Cohen, among many other, in their music. It is this fusion of genres that more clearly helps to understand the precious sound of this Californian duo.
This concert in Porto would therefore serve as an excellent opportunity to live perceive how their minimal melancholic and serene, but completely magical and seductive, pop songs, could be impose upon an audience, which I want to believe, was knowledgeable of their work ... or at least some of their most emblematic themes.
The concert was simply excellent and fascinating. Period.
The band did parade practically all the themes of its discography and also presented others from their next record, Singing Desperatley Suite that will be released February 2019.
Surely live the way they play their songs is the same with which they are recorded on CD or vinyl. They are so disciplined in instrumental execution that there is nothing to point out, leaving us only with the sweet quest to enjoy their melodies and Alexi Erenkov’s unique voice.
I would say that, essentially, the magic of The Saxophones resides in the mastery with which they play with the silences in their compositions. There is space and silence in all their themes, one can hear the breathing of each one of them. Do not understand this silence of which I speak as mere space between instruments ... I speak of silence as another instrument, which is another conception of the thing.
Between songs the duo was very friendly and communicative with the audience that completely surrended to the band. There were enough moments of great sense of humor and good mood between the couple, revealing that they were amazed by the almost full room, and that they had no doubt that it was the first time that they had acted for so many people ... coupled with the the fact that a few hours before they under total stress between airports, being there with so many people watching them was something surreal and unforgettable. They also took the opportunity to say they were touring with their baby, and that there is a different glamor after the concerts, like waking up in the middle of the night with the child's crying. General laughter echoed.
After the concert ended, the band returned to a single encore, finishing with the song that was missing - and that was necessary - and that was Just You. In the end the three musicians were treated with a long standing ovation by the audience the same way it had already happened to each of their previous songs. Totally deserved, one must say. Magic was present in Hard Club’s Sala 2 on a rainy Winter night.




texto e fotos: Guilherme Lucas

Os norte-americanos The Saxophones, dueto natural de Oakland, Califórnia, apresentaram-se, na passada quinta-feira, na Invicta, no seguimento da sua mini-tour europeia de Inverno, de promoção ao seu mais recente trabalho de longa duração, de nome Songs of The Saxophones (Junho 2018).
O local escolhido para este seu primeiro espetáculo nacional foi a sala 2 do Hard Club, que praticamente encheu, o que para uma quinta-feira é sempre algo assinalável. Atuarão ainda em Lisboa, neste próximo sábado.
Este duo é, na sua base operacional, uma extensão artística dos dois, pelo facto de serem um casal. São eles Alexi Erenkov (voz, guitarra e saxofone), o marido e fundador deste projeto, e a sua esposa, Alison Alderdice (percussões e vozes). Ambos repartem, de forma cúmplice, esforços e gostos comuns, encontrando na sua música a forma perfeita de extravasarem publicamente os seus sentimentos e muitos dos aspetos do dia-a-dia da sua relação. Ao vivo, e em estúdio, contam com a colaboração de Richard Laws, um amigo de longa data, no baixo, vibrafone e vozes. Para além de serem um casal, também são pais (pela primeira vez), de um muito recente rebento.

Os dois tem dado que falar nos últimos tempos, pelo excelente acolhimento aos seus trabalhos, tanto a nível de crítica musical especializada como do público em geral. Embora este projeto seja produto de uma década, só há sensivelmente dois anos atrás é que começaram a dar mais nas vistas, muito por via do seu primeiro trabalho, e por pérolas como a canção If You’re On The Water (2016), que dá nome também ao disco.

O que me seduziu nesta banda, logo à primeira audição, quando os descobri, é que estavam “assombrados” pelo fator Twin Peaks, muito por culpa da arrebatadora versão que fazem do tema Just You. E sim, é indiscutível que há muitas das ambiências noir das composições de David Lynch e de Angelo Badalamenti nas canções dos The Saxophones, onde reside muito do interesse pelo seu som. Mas não porque estes últimos sejam meros “clones” dos artistas atrás citados, mas apenas porque também vão beber às mesmas influências musicais. É o caso da música exotica (estilo musical) dos anos 50, de origem havaiana, o jazz em geral (Alexi Erenkov é um músico estudioso e apaixonado pelo jazz, sendo os The Saxophones o antídoto encontrado para simplificar o seu discurso musical), bem como a música surf na sua vertente mais baladeira, que conduz irremediavelmente ao denominado dream pop. Há tanto de Everly Brothers, como de Roy Orbison ou Leonard Cohen, na sua música, entre muitos outros. É esta fusão de géneros que ajuda a entender com mais esclarecimento o som precioso deste duo californiano.

Este seu concerto no Porto serviria, por isso, como uma excelente oportunidade para perceber, ao vivo, como as suas canções pop minimais, melancólicas e serenas, mas completamente mágicas e sedutoras, se conseguiriam impor a um público, que quero crer, era conhecedor do seu trabalho… ou pelo menos de alguns dos seus temas mais emblemáticos.

O concerto foi simplesmente excelente e fascinante. Ponto.
A banda fez desfilar praticamente todos os temas da sua discografia e ainda apresentou outros do seu próximo trabalho, a sair em Fevereiro do próximo ano, já com o nome escolhido de Singing Desperately Suite.

A forma como interpretam os seus temas ao vivo, é seguramente, a mesma com que os mesmos estão registados em cd ou vinil. São tão disciplinados na execução instrumental que nada há a apontar, restando-nos apenas a doce missão de fruir completamente das suas melodias e da voz única de Alexi Erenkov.

Diria que a magia destes The Saxophones reside essencialmente na mestria com que jogam com os silêncios nas suas composições. Há espaço e silêncio em todos os seus temas, consegue-se ouvir o respirar de cada um deles. Não se entenda este silêncio de que falo como apenas mero espaço entre instrumentos… falo do silêncio como mais um instrumento, o que é uma outra concepção da coisa.

O duo mostrou-se muito simpático e comunicativo, entre músicas, com o público, que de resto estava completamente rendido à banda. Foram bastantes os momentos de grande sentido de humor e boa disposição entre o casal, revelando que estavam espantados com a sala praticamente cheia, e que não tinham dúvidas que era a primeira vez que atuavam para tanta gente… aliado ao facto de que há umas horas atrás andavam em completo stress entre aeroportos, estar ali com tanta gente a assistir era algo surreal e inesquecível. Aproveitaram ainda para informar que andam em tour com o seu bebé, e que há um glamour diferente depois dos concertos, como acordar a meio da noite com o choro da criança. Gargalhadas gerais ecoaram.

A banda regressou, após o final do concerto, para um só encore, terminando com a canção que faltava - e que se impunha - e que era Just You. No final os três músicos foram brindados com uma demorada ovação por parte do público, como já tinha vindo a acontecer a cada uma das suas músicas anteriores. Completamente merecidas, de resto. A magia marcou presença na sala 2 do Hard Club, numa noite chuvosa de Inverno.








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