Monday, 16 July 2018

Mars Red Sky, Woodstock 69, Porto, 14.07.2018.


© Guilherme Lucas 

Words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro); photos Guilherme Lucas

Mars Red Sky a French trio from Bordeaux played last Saturday at Woodstock 69.
Musically the band places itself within a heavy psychedelic rock sound of 70's matrix, but with a strong doom component. Therefore, one can consider them an interesting update, by means of renovation within stoner rock, with a very personalized path. The proof lies in their existing prolific discography of great quality with the very curious common feature of being listenable with pleasure and without added difficulties, definitely proof that there is a higher "pop" sense in constructing great psych-doom themes to reach larger audiences. It is no coincidence that they’re a band that has in its curriculum important performances in several international festivals within their style and similar ones.
Essentially, what I come out with from Porto’s concert was the confirmation of two peculiar aspects perceived in their discography, but that are fully confirmed live. Namely: the vocalista- guitarist, Julien Pras, owns a unique voice and a way of singing that makes the difference within this genre. Instead of the traditional rough vocals of the genre, he offers us a calm and fragile voice, in a very melodic, crystalline (and captivating) timbre, leading us into hypnotic and somewhat cinematic landscapes in many of the vocalized moments. That is possibly the biggest difference Mars Red Sky have in relation to many other bands of its ilk. Another retained aspect has to do with the form (which I classify as post-punk and economic) of performing the themes‘s solos. They are psychedelic, but not typically executed and cliché within the genre; there are no elaborate and endless scales to go through, but rather an excellent use of fuzz and wah-wah in a ripped and precise way. This is one of their characteristics that I appreciate a lot and that stems from the conceptual way the band approaches their themes.


In my opinion, there is, however, a less positive point that I have identified in the trio’s performance and that is purely performative: they offer a monotonous and very physically scant performance throughout their show, limiting themselves almost exclusively to "throw" their themes very precisely. If there are many moments in which this type of posture is understood, there are also many others that demand more intervention from the band. But this does not occur, that is, their performance is always at a single speed and emotion from the beginning to the end of the concert. Undoubtedly, in that regards, there is some "gaze" in their performance, and not so much in their music.

Aside from that, I can also conclude that both the audience present (who supposedly knew what they were getting themselves into), and the band, were satisfied enough at the end of the show. The many applause given to the group prove so.




© Guilherme Lucas 



© Guilherme Lucas 


 Texto e fotos: Guilherme Lucas

O trio francês, da cidade de Bordeaux, Mars Red Sky, apresentou-se ao vivo no passado sábado, no Woodstock 69.


A banda está musicalmente inserida dentro de uma sonoridade rock psicadélica pesada, de matriz anos 70, mas com uma forte componente doom. Podemos, por isso, considerar que são uma interessante atualização, por via renovadora, dentro do stoner rock, numa direção muito personalizada. A prova disso é a já sua prolífica discografia de grande qualidade e com o muito curioso aspeto comum de que estas se escutam com agrado e sem dificuldades acrescidas, o que é definitivamente prova de que existe um elevado sentido “pop” de construir grandes temas psych-doom para atingir públicos maiores. Não é por acaso que são uma banda que conta já no seu currículo com atuações importantes em alguns festivais internacionais dentro do seu estilo e afins.

Essencialmente, o que retive deste seu concerto no Porto, foi a confirmação de dois aspetos peculiares que se percebem na sua discografia, mas que ao vivo se confirmam plenamente. A saber: o seu vocalista e guitarrista, Julien Pras, é senhor de uma voz muito singular e de uma forma de cantar que faz a diferença dentro deste género. Ao invés da tradicional vocalização rude e agreste do género, oferece-nos uma voz calma e frágil, num timbre muito melódico, cristalino (e cativante), conduzindo-nos para paragens hipnóticas e algo cinemáticas em muitos dos momentos vocalizados. Este é possivelmente o ponto mais diferenciador dos Mars Red Sky em relação a muitas outras bandas do seu género. Um outro aspeto retido tem a ver com a forma (que classifico de post-punk e económica) de executar os solos dos temas. Os solos são psicadélicos, mas não são executados de forma típica e cliché dentro deste género; não existem elaboradas e infinitas escalas a percorrer, mas sim um excelente uso do fuzz e do wah-wah, de forma rasgada e precisa. Esta é uma das suas características que aprecio bastante e que deriva na forma conceptual como a banda aborda os seus temas.


Há contudo, e na minha opinião, um ponto menos positivo que identifiquei na atuação do trio e que é de pendor exclusivamente performativo: estes oferecem uma atuação monótona e muito pouco física ao longo do seu espetáculo, limitando-se quase que exclusivamente a “debitar” os seus temas de forma muito precisa. Se há muitos momentos em que este tipo de postura se entende, há também muitos outros que se pedem mais interventivos por parte da banda. Mas isso não ocorre, ou seja, a sua atuação é sempre a uma única velocidade e a uma só emoção do início ao fim do concerto. Sem dúvida, que nesse aspeto, existe algo de “gaze” na sua performance, e não tanto na sua música.



Tirando este aspeto, posso também concluir que tanto o público presente (que supostamente sabia ao que ia), como a banda, se deram por bastante satisfeitos no final do espetáculo. Os muitos aplausos oferecidos ao grupo são prova disso




© Guilherme Lucas 



© Guilherme Lucas 



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