Monday, 2 April 2018

Electric Octopus, Woodstock 69, Porto, 30.03.2018

© Guilherme Lucas 

© Guilherme Lucas

words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro ); photos: Guilherme Lucas

Electric Octopus, a trio from Belfast, UK, gave a concert last Friday at Woodstock 69, out of all the usual conventions within rock concerts. Because they played three sets apart and possibly played three hours or even a little more. The Woodstock 69 had a flood of public who knew what was going for (this time the bar was really at capacity), and, in that sense, no one was left disappointed in their expectations, as well as the band itself that, at the end, informed it was their first time in Portugal, but that they would return to WS69, because they loved the environment created around their performance. Electric Octopus are a very curious collective, outside of the common parameters within current instrumental and psychedelic rock. They have a very own and remarkable speech, that, I believe, few will be indifferent to their music and show. Because it has an extensive, interesting and very varied discography in terms of musical latitudes, because they are essentially, psychedelic, but excellent performers in the combustion of distortion and fuzz of other genres, such as funk, blues, jazz and even reggae. 

That is, they have no sound barriers; the sound of the band always looks for meetings and fusions among several musical genres. But what sets them apart from almost every band is their admirable ability to make their music come out of a loto f improvisation, in a jam-session registry. And the fact is, live it is notorious and impresses anyone. Playing three hours in almost jam mode is not usual and honestly, I have no memory of having watched such (and I have thousands of live bands my memory ark). Another aspect to be valued was to note the group's uncompromising openness in allowing and encouraging elements of the audience to intervene throughout their show, sometimes singing (or improvising) on ​​stage, sometimes dancing in a shamanic way. 

One constant of the ambience of the show was the complete neo-hippie spirit of communion among the majority of the audience with the band, which was unique and rare to see. Another point where the band fascinated me were the moments of complete surprise that it can offer in terms of intensities. In a three hours show one expects repeated forms and structures, equal intensities ... but when we no longer expect something different to happen, expecting only more of the same, behold, the trio always offers a surprise in a fulminating way, without previous warning; at times calm and hypnotic or a rhythmic energy in combustion, sometimes funky, other times rock. And when that happens - and it has always occurred throughout the show - believe me it is a very good thing of which I am speaking of. I am of the opinion that all rock lovers should, at least once in their lives, see Electric Octopus live. It's always a different experience, and in itself, that is worthy.

© Guilherme Lucas 

© Guilherme Lucas 


texto e fotos: Guilherme Lucas


Os Electric Octopus, trio de Belfast, Reino Unido, deram na passada sexta-feira um concerto no Woodstock 69, fora de todos os convencionalismos usuais dentro de concertos de rock. Porque tocaram três sets intervalados e possivelmente terão tocado três horas, ou até um pouco mais. O Woodstock 69 teve uma enchente de público que sabia ao que ia (desta vez o bar estava mesmo cheio), e nesse sentido, ninguém saiu defraudado nas suas expetativas, bem como a própria banda que informou no final que era a sua primeira vez em Portugal, mas que iam regressar ao WS69, pois adoraram todo o ambiente criado em volta da sua atuação. 

Os Electric Octopus são um coletivo muito curioso e fora dos parâmetros comuns dentro do rock instrumental e psicadélico da atualidade. Tem um discurso tão próprio e marcante, que acredito, poucos ficarão indiferentes à sua música e espetáculo. Porque tem uma extensa, interessante e muito variada discografia em termos de latitudes musicais, porque são essencialmente psicadélicos, mas intérpretes exímios na combustão da distorção e do fuzz de outros géneros, como o funky, o blues, o jazz e até o reggae. Ou seja, não tem fronteiras sonoras; o som da banda procura sempre encontros e fusões entre vários géneros musicais. Mas o que os diferencia de quase todas as bandas é a sua capacidade admirável de a sua música ser fruto de muito improviso, num registo de jam-session. E o facto é que ao vivo isso é notório e impressiona qualquer um. Tocar três horas em quase modo jam não é usual e sinceramente, não tenho memória de ter assistido a tal (e milhares de bandas ao vivo estão no meu baú das memórias). 

Outro aspeto a valorizar foi constatar a abertura descomprometida do grupo em permitir e incentivar elementos do público a intervir ao longo do seu espetáculo, ora cantando (ou improvisando) em palco, ora dançando de forma xamânica. Uma constante do ambiente do espetáculo foi o completo espírito de comunhão neo-hippie entre a maioria do público com a banda, e que foi único e raro de se ver. Outro ponto em que a banda me fascinou foram os momentos de completa surpresa que a mesma consegue oferecer em termos de intensidades. Em três horas de espetáculo compreende-se que haja formas e estruturas que são repetidas, intensidades iguais… mas quando já não esperamos que dali ocorra algo diferente, esperando só mais do mesmo, eis que o trio oferece sempre uma surpresa de forma fulminante e sem aviso prévio; ora calma e hipnótica ou então de uma energia rítmica em combustão, ora funky, ora rock. E quando isso ocorre - e ocorreu sempre ao longo do espetáculo – acreditem que é de coisa muito boa da qual estou a falar. Sou da opinião que todos os amantes de rock deviam ver, pelo menos uma vez na vida, os Electric Octopus ao vivo. É sempre uma experiência diferente, e já vale só por isso.


© Guilherme Lucas 

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