© Raquel Pinheiro |
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words: Guilherme Lucas
(freely translated by Raquel Pinheiro); photos: Raquel Pinheiro
It was the second time I saw Terebentina live, after their first
and very promising concert at Rés-da-rua last January, this one being the fourth
concert of band from Porto in such short time. To me, it turned out to be an opportunity
for analyzing any differences occurred in relation to the initial impressions
from their debut.
Decidedly they seemed to me much more musically cohesively, but
above all much more intense performatively and dramatically gloomy in their
performance, confirmed by the very good audience’s adhesion to the band ‘s performance.
To this end, Guilherme Oliveira’s attitude change played a great role, in this
concert he upon th classic performance of the dark and wild frontman within the
typologies of underground rock'n'roll, unlike during the first concert in which
(I presume) by conceptual choice, he spend whole concert seated. From all of
the above, I clearly noticed an evolution (or positive difference, pick a
choice) in the band, always an excellent finding. It seems that they also lost
one member (the flautist), now being a sextet. The first time I find them
extremely close to Sereia’s sound, this time I seemed to recognize a few different
approaches, which although not yet enought to unstick them. give very promising
clues to something different in the future.
Musically Terebentina are a post punk band, but within a typical
no wave frame, in that sense the construction of their songs generally obeys to
a completely free-jazz-punk- noise interpretation, in na apocalyptic and atonal
register of what is - the apparent - structure of their compositions. The
conception of the musically unrepeatable moment is also one of the defining
lines of no wave [as a kind of random sounds ‘ collage in the now, many of which
obtained as consequence of technology (noises, distortions) as an alternative
aesthetic resource to the traditional path as far as the playing of an
instrument is concerned].
But not everything is totally so in the group's music; there is
a part of Terebentina’s repertoire that already accuses the recognition pop’s
typology structures , although always played within the no wave model. And it
is in that part that, for me, the band has its real interest and, eventually,
their best future progression area. Because it was precisely this that I
recognized as special in their first concert - and that pleased me a great deal
- and which in the latter seems to be consolidating itself, albeit here and
there, and not yet as an objective tendency.
There is also, as it might be, a poetic part to emphasize to inTerebentina
that, to me, seems quite interesting and deeply grim and and intimate. I say
that it seems to me, because, so far, I've only been able to access the lyrics
of O Outro, through the band's Bandcamp ... and I liked what I read.
After the concert, during na informal
conversation with some of the band's members (Guilherme Oliveira, Bruno Duarte
and Francisco Oliveira), I learned that they are working on the release of
their debut album, after had released their first single in March, with the song
O Outro. They are part of an artists’s collective linked to Belas Artes do
Porto, called O Bergado (the name is a private joke among them), and they recognize
that the aesthetic and musical concepts applied in the band are also an
extension of their artistic conceptions while artists. To give as many concerts
as possible within said context is, of course, everyone's wish.
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texto: Guilherme Lucas,
fotos: Raquel Pinheiro
Foi a segunda vez que vi ao vivo os Terebentina, após o seu primeiro e muito prometedor
concerto no Rés-da-rua em Janeiro deste ano, sendo este já o
quarto concerto da banda portuense neste curto espaço de tempo. Por isso
resultou para mim como que uma oportunidade de análise sobre eventuais
diferenças ocorridas em relação às impressões iniciais, aquando da sua estreia.
Decididamente pareceram-me desta vez bem mais coesos
musicalmente, mas acima de tudo performativamente muito mais intensos e
dramaticamente lúgubres na sua atuação, confirmada pela muito boa aderência do
público à atuação da banda. Para isso contribuíu muito a mudança de postura do
seu vocalista, Guilherme Oliveira, que neste concerto assumiu toda uma atuação
clássica de frontman obscuro e selvagem dentro das tipologias do rock’n’roll
underground, ao contrário do primeiro concerto em que (presumo), por opção
conceptual, fez todo o concerto sentado. Por tudo isto, notei claramente uma
evolução (ou diferença positiva, é escolher), na banda, o que é sempre uma
excelente constatação. Parece que também perderam um elemento (flautista),
passando a ser agora seis elementos. Da primeira vez considerei-os extremamente
colados à sonoridade de uns Sereias, mas desta vez pareceu-me reconhecer algumas
abordagens diferentes, que embora não sejam ainda as suficientes para conseguir
descolar, dão pistas muito prometedoras para algo de distinto no futuro.
Os Terebentina são uma banda musicalmente post punk mas num
enquadramento típicamente no wave, e nesse sentido a construção dos seus temas
obedece geralmente a uma interpretação completamente free jazz/punk/noise em
registo apocalíptico e atonal do que é - a aparente - estrutura das suas
composições. A concepção pelo momento musicalmente irrepetível é também uma das
linhas definidoras da no wave (como que uma espécie de colagem aleatória de
sons no momento, muitos deles obtidos por consequência da tecnologia (ruídos,
distorções) como recurso estético alternativo à via tradicional, no que à
interpretação de um instrumento diz respeito).
Mas nem tudo é totalmente assim na música do grupo; há uma parte
do repertório dos Terebentina que já acusa o reconhecimento de estruturas de
tipologia pop, embora sempre interpretadas dentro deste modelo no wave. E é
nesta parte que a banda tem, para mim, o seu real interesse e eventualmente o
seu melhor campo de progressão futura. Porque foi precisamente isso que
reconheci de especial no seu primeiro concerto - e que me agradou bastante - e
que neste último parece estar a consolidar-se, ainda que a espaços, e não ainda
como uma tendência objetiva.
Há também, como não podia deixar de ser, uma parte poética a destacar nos Terebentina que me parece bastante interessante e profundamente soturna e intimista. E digo que me parece, pois só consegui até ao momento aceder à letra do tema O Outro, pelo bandcamp da banda... e gostei do que li.
Finalizado o concerto, e em conversa informal com alguns dos
elementos da banda (Guilherme Oliveira, Bruno Duarte e Francisco Oliveira), soube que estão a trabalhar na
edição do seu primeiro álbum de estreia, após o lançamento em Março do seu
primeiro single, com o tema O Outro. Fazem parte de um coletivo de artistas
ligados às Belas Artes do Porto, denominado de O Bergado (o nome é uma piada privada entre
eles), e reconhecem que os conceitos estéticos e musicais aplicados na banda
são também eles uma ampliação das suas concepções artísticas enquanto artistas
plásticos. Dar o máximo de concertos possíveis neste contexto, é, naturalmente,
o desejo de todos.
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