© Raquel Pinheiro |
words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel
Pinheiro); photos: Raquel Pinheiro
I really enjoyed Nu No & FT’s
concert for several reasons. Firstly, because I had already seen them in late
2017 at Maus Hábitos, and although I had identified many aspects of their
performance that are dear on na aesthetic and musical level, I found that there
was a lack of connection between the intensity of the proposal and the content
proposed and exposed. This time, everything happened perfectly and amazingly for
me. It was simply excellent.
To decode and simplify Nu No
& FT’s’ proposal, one must always start from the project’s key point: it is
eminently literary, artistic and conceptual. To ignore that side, by
procrastination or another [reason] is to forgo to understand it with more
clarity and objectivity. In its aesthetic and philosophical inspiration, it
uses avant-garde and artistic breakthrough movements such as Dadaism, Pop Art
or Fluxus. The voice is used as an instrument itself, with immense
possibilities of application, coupled with radical aesthetic concepts, many of
them situated around Surrealism, makes it to be used in large part in
pre-language concepts, also appealing to a physiological and physical
description of emotions in the exercise
of that same language. As a consequence of this approach, there is clearly also
a very direct connection with theater and other performing arts as well as with
phonetic poetry.
And then, of course, there also
a whole project that is musical and that, in my opinion, is very well executed,
not only in relation to the music itself, but above all, because of the perfect
interconnection of the two musicians on stage. Nu No is an unusual performer -
and I venture to claim unique, within his genre - very specific and very distiinct. The sort one
sees one or two every decade ... with luck. As I have already mentioned it was an excellen performancet, due to all the
engagement the two musicians (Pedro Centeno in the programming part), managed
to create with the audience; I liked them and it noticed at the end of each
theme, with the many applause gushing thank you. I also liked the relatively
short performance, that was quite intense and very well carried. There is a lot
of Foetus and Blixa Bargeld: Blixa Bargeld in this format that I saw performed,
and for me, that for me, na open fan of both, obviously cause for great
contentment.
At the end of the concert I had a very interesting
conversation with Nu No - Nuno Marques Pinto - (an extremely nice and educated person),
so that, informally, I would get answers to some questions that I would like to
see clarified. When I asked if there was a link between his project and some of
Einstürzende Neubauten ‘smaterial, especially
some of of Blixa Bargeld ‘s solo work (which I consider similar), Nuno answered
affirmatively, but not via Blixa, but through all disruptive artistic movements
that are common to both. I liked the answer. We talked about possible
connections of a more recent musical past in Portugal in which the musician saw
himself more, both on a personal taste level as well as of his project. Names
like João Peste, Ama Romanta, Nuno Canavarro, Mler Ife Dada, Moeda Noise, Sei
Miguel and Fala Mariam, Paulo Eno and his Objectos Perdidos were some of the
most mentioned and suject to a closer analysis.
Nu No & FT become one of the projects that I will obligatorily
follow in its next chapters.
© Raquel Pinheiro |
texto: Guilherme Lucas, fotos: Raquel Pinheiro
Gostei imenso do concerto de Nu
No & FT por várias razões. Primeiro porque já os tinha visto em finais de
2017 nos Maus Hábitos - Espaço de Intervenção Cultural, e embora tivesse identificado muitos aspetos na sua
atuação que me são queridos a nível estético e musical, achei que faltou alguma
ligação entre a intensidade da proposta com o conteúdo proposto e exposto.
Desta vez, e para mim, tudo aconteceu de forma perfeita e surpreendente. Foi
simplesmente excelente.
Para descodificar e simplificar
a proposta de Nu No & FT, temos sempre de partir obrigatoriamente do ponto
essencial de todo este projeto: é algo eminentemente literário, artístico e
conceptual. Ignorar esta parte por procrastinação ou outro é abdicar de
entender com mais clareza e objetividade o mesmo. Este recorre, na sua
inspiração estética e filosófica, a movimentos de vanguarda e de rutura
artística como o Dadaísmo, a Pop Art ou o Fluxus. A utilização da voz como um
instrumento em si mesmo, com imensas possibilidades de aplicação, aliada a
conceitos estéticos radicais, muitos deles situados na área do Surrealismo, faz
com que a mesma seja utilizada em grande parte em conceitos de pré-linguagem,
apelando por isso também a uma descrição fisiológica e física da emoção no
exercício dessa mesma linguagem. Há claramente, também por consequência desta
abordagem, uma ligação muito direta com o teatro e com outras artes
performativas, bem como com a poesia fonética. E depois há naturalmente também
todo um projeto que é musical e que é, a meu ver, muito bem executado, não só
no que à música em si diz respeito, mas acima de tudo pela perfeita
interligação dos dois músicos em palco. Nu No é um performer invulgar - e
arrisco a afirmar que único, dentro do seu género - que é muito específico e muito
singular. Do género que se vê um ou dois em cada década… e com sorte. A atuação
foi excelente como já referi, por toda a envolvência que os dois músicos
(com Pedro Centeno na
parte das programações), conseguiram criar com o público; este gostou deles e
percebia-se isso no final de cada tema, com as muitas palmas de agradecimento
efusivo. Gostei também do tempo relativamente curto de atuação, mas que foi
completamente intensa e muito bem conseguida. Há muito de Foetus (official) e de Blixa
Bargeld Offizielle Seite: Blixa Bargeldneste formato
que vi em atuação, e para mim, que sou fã declarado dos dois, é obviamente
motivo de enorme contentamento.
No final do concerto, tive
uma muito interessante conversa com Nu No - Nuno Marques Pinto -
(um tipo extremamente simpático e culto), de forma que, informalmente,
obtivesse resposta para algumas questões que gostaria de ver esclarecidas pelo
próprio.
Quando perguntei se encontrava ligação entre o seu projeto e algum do material dos Einstürzende Neubauten, mas sobretudo com algum do trabalho a solo de Blixa Bargeld (que considero similar), Nuno respondeu afirmativamente, mas que não por via do Blixa, mas sim por todos os movimentos artísticos de rutura que são comuns aos dois. Gostei da resposta. Falamos de possíveis ligações num passado musical mais recente em Portugal em que o músico mais se revisse no seu gosto pessoal mas também do seu projeto. Nomes como João Peste, Ama Romanta, Nuno Canavarro, Mler Ife Dada, Moeda Noise, Sei Miguel e Fala Mariam, Paulo Eno e os seus Objetos Perdidos, foram alguns dos que foram mais referidos e objeto de análise mais atenta.
Nu No & FT passa a ser mais um dos projetos que vou seguir obrigatoriamente nos seus próximos episódios.
Quando perguntei se encontrava ligação entre o seu projeto e algum do material dos Einstürzende Neubauten, mas sobretudo com algum do trabalho a solo de Blixa Bargeld (que considero similar), Nuno respondeu afirmativamente, mas que não por via do Blixa, mas sim por todos os movimentos artísticos de rutura que são comuns aos dois. Gostei da resposta. Falamos de possíveis ligações num passado musical mais recente em Portugal em que o músico mais se revisse no seu gosto pessoal mas também do seu projeto. Nomes como João Peste, Ama Romanta, Nuno Canavarro, Mler Ife Dada, Moeda Noise, Sei Miguel e Fala Mariam, Paulo Eno e os seus Objetos Perdidos, foram alguns dos que foram mais referidos e objeto de análise mais atenta.
Nu No & FT passa a ser mais um dos projetos que vou seguir obrigatoriamente nos seus próximos episódios.
© Raquel Pinheiro |
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