Francisco Oliveira + Ead Mann |
Shadow
Paradox Cave, Mota Galiza, Porto, 01.012.2018.
words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel
Pinheiro, proofread by Tommy Luther); photos Guilherme Lucas
Last Saturday was
the event of another massive party called Shadow Paradox Cave, promoted by P a r v a, a Porto-based label.
Lately, if there are those rare events on the
Porto night scene, containing unpredictability and surprise, Parva is, without
a doubt, one of the most important contributors to the modernity of the city,
and a true alternative to other already established “alternatives”, courageously
taking the risk to promote much
of what is largely outside the safety-barriers of common sense, and
the more obvious and established
underground scene. Confused?
Think more
alternative to your alternative and you will start to be closer to what I mean.
This happening in
a large art studio with excellent conditions as well as a bar, and included live concerts, musical
performances, dj sets, an art installation and even a stand-up dinner. Throughout the evening and early morning, a huge amount of people
turned up to attend the numerous
performances which were happening
at a non-stop rate, which only
strengthened the event’s
success. I will focus on the musical
performances that I saw, and which are the main driving force of these reviews
which I write which have no future. In a nut-shell:
- Fantasma and Nu No - two different, yet equal performances in their conceptual format of complete
improbability: Fantasma (Pedro Centeno), played one of his own musical creation’s,
Corpo Ausente - Tribute To The Machines, on the studio‘s
sound-system. The musician was physically present in the room, but completely
removed from said role, whilst
performing different tasks connected to the event’s organization. With Nu No (Nuno Marques Pinto),
something similar happened, but in reverse. The musician made a brief performance
using solely his vocals, without
his usual physical presence
identifiable in the room. His subject-performance, called Corpo Insurrecto, recited
in real-time, intended to be a variation of the traditional artistic
performance, where the artist expresses
his physicality to the audience. The musician had
previously stated that this
would be a performance which would
only ever be listened to, never
seen; a way of contradicting the visual,
claiming the prevalence of listening, which is nearly always forced into the
background by all that is visual.
-
Francisco Oliveira and Ead Mann – A unique collaboration between a musician from Terebentina and one from
Favela Discos in a joint performance. The basis; electronic and experimental, in real-time, ranging
between drone and noise, with
sound possibilities that cropped up from the manipulation of various effects
pedals and related material. Somewhere between industrial-electronic noise.
- Francisco Oliveira - The musician presented his
debut solo record, On The Act Of The Reminding. I really enjoyed this
performance; its themes have a subtle and touching beauty. With my eyes closed,
during many moments of his performance, I wandered through the ether. For those
who wish to know more about this work read: https://www.facebook.com/guilherme.lucas.92/posts/1800439266711920
OMEM - OLAN MONK and EAD MANN’s musical project. ambient-noise with
drone, punctuated with hypnotic recitations, and at times, by Olan Monk ‘s more
physical-performative performance.
- Lonz Dale's Fantasy - Second concert for this new
group from Porto. They are a duet, formed by Nils Meisel (electronics and
banjo) and Kenneth Stitt (vocals). Both musicians are part of Sereias, and for
this reason I was very curious to see how the two would function in a different
set. Two things that seem clear to me in Lonz Dale's performance: a project
that has a "deconstructed" pop component that works very well and is
pleasantly catchy;
something between electronic punk folk (à la Pogues),
and a great vocalist (not only in competence, but also literally, in stature), master of an unusual performance (at
all levels) and of a complete and insane delivery ... in addition to writing
great nonsense lyrics; completely surrealistic and hilarious.
On the other hand, there is lots of space in the duo's
music; Kenneth's perfunctory declamations flow nicely between Nils' electronic
instruments. At times creating a solid musical block that responds well, be it
in the parts where the two musicians are most attuned, or in those during which
Kenneth wanders, so grotesquely lost, in his miraculous performance. A mix of
hallucinatory and tribal mosh-pit (mostly for the dancer), to which everyone is
invited to join in and to exorcise their demons. Live, the duo’s music is
very contagious and it was possible to perceive through the audience’s
strong adhesion that
they hold a project which, with some
finer tuning will not face many challenges in
reaching a wider audience and diversified tastes. It was a really fun concert,
offered by a band that, through its music, seems to seek it. Their upcoming concerts
should be followed with proper attention.
After the live performances, the lights went out and
dj sets took over. It was a fantastic evening! Bring on the next one!
Lonz Dale's Fantasy |
texto
e fotos: Guilherme Lucas
No
passado sábado, ocorreu mais uma grande festa/happening (esta denominada de
Shadow Paradox Cave) promovida pela label portuense P a r v a. Se há eventos,
pelos dias de hoje, onde a surpresa e a imprevisibilidade acontecem nas noites
do Porto, a Parva é,
sem margem para dúvidas, uma das que mais contribui para uma Invicta moderna e
verdadeiramente alternativa às
outras alternativas já instituídas
na cidade, arriscando corajosamente em promover muito do que foge aos parâmetros
do senso-comum e do underground mais óbvio e já estabelecido. Confusos?
Pensem em algo mais alternativo ao vosso alternativo e começam a estar mais
perto da minha explanação.
Este
happening, realizado num amplo estúdio de arte, com excelentes condições e com
bar, compreendeu concertos ao vivo, performances musicais, dj sets, instalação artística e até um jantar volante. Ao longo da noite e
madrugada, muito foi o público que acorreu ao local para presenciar as inúmeras
atuações que iam ocorrendo em ritmo non-stop, carimbando assim o sucesso deste
evento. Focando-me nas atuações musicais que presenciei no local, e que é o que me move especialmente nestas
minhas reviews sem futuro, de forma sintética, direi que:
-
Fantasma e Nu No – duas atuações distintas, mas iguais no seu formato
conceptual de completa improbabilidade: Fantasma (Pedro Centeno), fez passar no
soundsystem do estúdio uma peça musical da sua autoria, de nome Corpo Ausente –
Tribute To The Machines. O músico
esteve fisicamente presente na sala, é um facto, mas completamente afastado dessa sua função,
enquanto acorria a tarefas distintas, ligadas à organização do evento. Com Nu No (Nuno
Marques Pinto), ocorreu algo similar, mas de forma inversa. O músico fez uma
breve atuação, unicamente com voz, sem a sua presença física identificável na sala. O seu tema/performance,
de nome Corpo Insurrecto, que foi unicamente declamado e em tempo real,
pretendeu ser uma variação à performance artística
tradicional, onde o artista se expôe, com o seu corpo, à assistência. Como o músico me confidenciara
antes, esta seria uma performance para ser unicamente escutada e jamais
visionada; uma forma de contrariar o sentido da visão, reivindicando
a primazia da audição,
quase sempre relegada para segundo plano por tudo o que é visual.
-
Francisco Oliveira e Ead Mann – Reunião ocasional entre um músico dos
Terebentina e outro dos Favela Discos, numa performance conjunta. A base, eletrónica e experimental, discorreu entre o
drone e o ruído, e das possibilidades sonoras que iam ocorrendo da manipulação
dos vários pedais de efeitos e material afim, em tempo real. Algo entre o
industrial/noise eletrónico.
-
Francisco Oliveira – O músico apresentou o seu primeiro trabalho a solo, de
nome On The Act Of The Reminding. Gostei bastante desta sua atuação; os seus
temas tem uma beleza subtil e tocante. De olhos fechados, deixei-me vaguear
pelo éter, em muitos
momentos da sua atuação. Para quem quiser saber mais sobre este trabalho, deixo
aqui um link de uma review que fiz há uns meses atrás sobre este trabalho do músico, é ler:
https://www.facebook.com/guilherme.lucas.92/posts/1800439266711920
-
OMEM – Projeto musical de OLAN MONK e Ead Mann. Ambiental/noise com drone,
pontuado com declamações hipnóticas e em alguns momentos por uma atuação mais física/performativa
de Olan Monk.
- Lonz Dale's Fantasy – Segundo concerto deste novo grupo do Porto. São um
dueto, constituído por Nils Meisel (eletrónica e banjo) e Kenneth Stitt (voz).
Ambos os músicos fazem parte dos Sereias, e por isso mesmo, era grande a minha
curiosidade em perceber como os dois funcionariam num registo diferente. Estes
Lonz Dale’s tem duas coisas que me parecem evidentes na sua atuação: é um projeto que tem uma componente pop “desconstruída”
que funciona muito bem e é agradavelmente
“catchy”, algo
entre o folk punk (à la
Pogues) com eletrónica,
e um grande vocalista (não só em
competência, mas
literalmente, também
em estatura), senhor de uma performance invulgar (a todos os níveis) e de
completa e insana entrega …isto para além de escrever grandes letras non-sense; completamente
surrealistas e hilariantes. Há, por outro lado, bastante espaço na música do
duo; as declamações imprecadas de Kenneth fluem muito bem entre o instrumental
eletrónico
de Nils, criando, em muitos momentos, um sólido bloco musical que responde bem,
ora nas partes em que os dois músicos estão mais sintonizados, ou naqueles em
que Kenneth deambula, de forma grotescamente perdida, na sua mirabolante
performance, um misto de mosh-pit alucinado e tribal (mais para o bailarico),
onde toda a gente está convidada a entrar para expulsar os seus demónios. A música deste duo é, ao vivo, muito contagiante, e deu
para perceber, pela muito boa adesão do público, que tem em mãos um projeto,
que mais bem alinhavado, não encontrará muitas dificuldades em almejar públicos
mais numerosos e de gostos diversificados. Foi um concerto bastante divertido
este, oferecido por uma banda que parece ambicionar isso, através da sua música. Para seguir, com a
devida atenção, os próximos
concertos.
Finalizadas
as atuações ao vivo, todas as luzes se apagaram e foi dado espaço para os dj
sets. Foi uma noite fantástica! Venha a próxima!
OMEM - OLAN MONK + Ead Mann |
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