Tuesday, 4 December 2018

Shadow Paradox Cave, Mota Galiza, Porto, 01.012.2018.

Francisco Oliveira + Ead Mann


Shadow Paradox Cave, Mota Galiza, Porto, 01.012.2018.

words: Guilherme Lucas (freely translated by Raquel Pinheiro, proofread by Tommy Luther); photos Guilherme Lucas

Last Saturday was the event of another massive party called Shadow Paradox Cave, promoted by P a r v a, a Porto-based label. Lately, if there are those rare events on the Porto night scene, containing unpredictability and surprise, Parva is, without a doubt, one of the most important contributors to the modernity of the city, and a true alternative to other already established alternatives, courageously taking the risk to promote much of what is largely outside the safety-barriers of common sense, and the more obvious and established underground scene. Confused? Think more alternative to your alternative and you will start to be closer to what I mean.
This happening in a large art studio with excellent conditions as well as a bar, and included live concerts, musical performances, dj sets, an art installation and even a stand-up dinner. Throughout the evening and early morning, a huge amount of people turned up to attend the numerous performances which were happening at a non-stop rate, which only strengthened the events success. I will focus on the musical performances that I saw, and which are the main driving force of these reviews which I write which have no future. In a nut-shell:

- Fantasma and Nu No - two different, yet equal performances in their conceptual format of complete improbability: Fantasma (Pedro Centeno), played one of his own musical creation’s, Corpo Ausente - Tribute To The Machines, on the studios sound-system. The musician was physically present in the room, but completely removed from said role, whilst performing different tasks connected to the events organization. With Nu No (Nuno Marques Pinto), something similar happened, but in reverse. The musician made a brief performance using solely his vocals, without his usual physical presence identifiable in the room. His subject-performance, called Corpo Insurrecto, recited in real-time, intended to be a variation of the traditional artistic performance, where the artist expresses his physicality to the audience. The musician had previously stated that this would be a performance which would only ever be listened to, never seen; a way of contradicting the visual, claiming the prevalence of listening, which is nearly always forced into the background by all that is visual.
- Francisco Oliveira and Ead Mann – A unique collaboration between a musician from Terebentina and one from Favela Discos in a joint performance. The basis; electronic and experimental, in real-time, ranging between drone and noise, with sound possibilities that cropped up from the manipulation of various effects pedals and related material. Somewhere between industrial-electronic noise.
- Francisco Oliveira - The musician presented his debut solo record, On The Act Of The Reminding. I really enjoyed this performance; its themes have a subtle and touching beauty. With my eyes closed, during many moments of his performance, I wandered through the ether. For those who wish to know more about this work read: https://www.facebook.com/guilherme.lucas.92/posts/1800439266711920

OMEM - OLAN MONK and EAD MANN’s musical project. ambient-noise with drone, punctuated with hypnotic recitations, and at times, by Olan Monk s more physical-performative performance.
- Lonz Dale's Fantasy - Second concert for this new group from Porto. They are a duet, formed by Nils Meisel (electronics and banjo) and Kenneth Stitt (vocals). Both musicians are part of Sereias, and for this reason I was very curious to see how the two would function in a different set. Two things that seem clear to me in Lonz Dale's performance: a project that has a "deconstructed" pop component that works very well and is pleasantly catchy; something between electronic punk folk (à la Pogues), and a great vocalist (not only in competence, but also literally, in stature), master of an unusual performance (at all levels) and of a complete and insane delivery ... in addition to writing great nonsense lyrics; completely surrealistic and hilarious.
On the other hand, there is lots of space in the duo's music; Kenneth's perfunctory declamations flow nicely between Nils' electronic instruments. At times creating a solid musical block that responds well, be it in the parts where the two musicians are most attuned, or in those during which Kenneth wanders, so grotesquely lost, in his miraculous performance. A mix of hallucinatory and tribal mosh-pit (mostly for the dancer), to which everyone is invited to join in and to exorcise their demons. Live, the duos music is very contagious and it was possible to perceive through the audience’s strong adhesion that they hold a project which, with some finer tuning will not face many challenges in reaching a wider audience and diversified tastes. It was a really fun concert, offered by a band that, through its music, seems to seek it. Their upcoming concerts should be followed with proper attention.
After the live performances, the lights went out and dj sets took over. It was a fantastic evening! Bring on the next one!

Lonz Dale's Fantasy

texto e fotos: Guilherme Lucas
No passado sábado, ocorreu mais uma grande festa/happening (esta denominada de Shadow Paradox Cave) promovida pela label portuense P a r v a. Se há eventos, pelos dias de hoje, onde a surpresa e a imprevisibilidade acontecem nas noites do Porto, a Parva é, sem margem para dúvidas, uma das que mais contribui para uma Invicta moderna e verdadeiramente alternativa às outras alternativas já instituídas na cidade, arriscando corajosamente em promover muito do que foge aos parâmetros do senso-comum e do underground mais óbvio e já estabelecido. Confusos? Pensem em algo mais alternativo ao vosso alternativo e começam a estar mais perto da minha explanação.
Este happening, realizado num amplo estúdio de arte, com excelentes condições e com bar, compreendeu concertos ao vivo, performances musicais, dj sets, instalação artística e até um jantar volante. Ao longo da noite e madrugada, muito foi o público que acorreu ao local para presenciar as inúmeras atuações que iam ocorrendo em ritmo non-stop, carimbando assim o sucesso deste evento. Focando-me nas atuações musicais que presenciei no local, e que é o que me move especialmente nestas minhas reviews sem futuro, de forma sintética, direi que:
- Fantasma e Nu No – duas atuações distintas, mas iguais no seu formato conceptual de completa improbabilidade: Fantasma (Pedro Centeno), fez passar no soundsystem do estúdio uma peça musical da sua autoria, de nome Corpo Ausente – Tribute To The Machines. O músico esteve fisicamente presente na sala, é um facto, mas completamente afastado dessa sua função, enquanto acorria a tarefas distintas, ligadas à organização do evento. Com Nu No (Nuno Marques Pinto), ocorreu algo similar, mas de forma inversa. O músico fez uma breve atuação, unicamente com voz, sem a sua presença física identificável na sala. O seu tema/performance, de nome Corpo Insurrecto, que foi unicamente declamado e em tempo real, pretendeu ser uma variação à performance artística tradicional, onde o artista se expôe, com o seu corpo, à assistência. Como o músico me confidenciara antes, esta seria uma performance para ser unicamente escutada e jamais visionada; uma forma de contrariar o sentido da visão, reivindicando a primazia da audição, quase sempre relegada para segundo plano por tudo o que é visual.
- Francisco Oliveira e Ead Mann – Reunião ocasional entre um músico dos Terebentina e outro dos Favela Discos, numa performance conjunta. A base, eletrónica e experimental, discorreu entre o drone e o ruído, e das possibilidades sonoras que iam ocorrendo da manipulação dos vários pedais de efeitos e material afim, em tempo real. Algo entre o industrial/noise eletrónico.
- Francisco Oliveira – O músico apresentou o seu primeiro trabalho a solo, de nome On The Act Of The Reminding. Gostei bastante desta sua atuação; os seus temas tem uma beleza subtil e tocante. De olhos fechados, deixei-me vaguear pelo éter, em muitos momentos da sua atuação. Para quem quiser saber mais sobre este trabalho, deixo aqui um link de uma review que fiz há uns meses atrás sobre este trabalho do músico, é ler: https://www.facebook.com/guilherme.lucas.92/posts/1800439266711920
- OMEM – Projeto musical de OLAN MONK e Ead Mann. Ambiental/noise com drone, pontuado com declamações hipnóticas e em alguns momentos por uma atuação mais física/performativa de Olan Monk.
- Lonz Dale's Fantasy – Segundo concerto deste novo grupo do Porto. São um dueto, constituído por Nils Meisel (eletrónica e banjo) e Kenneth Stitt (voz). Ambos os músicos fazem parte dos Sereias, e por isso mesmo, era grande a minha curiosidade em perceber como os dois funcionariam num registo diferente. Estes Lonz Dale’s tem duas coisas que me parecem evidentes na sua atuação: é um projeto que tem uma componente pop “desconstruída” que funciona muito bem e é agradavelmente “catchy”, algo entre o folk punk (à la Pogues) com eletrónica, e um grande vocalista (não só em competência, mas literalmente, também em estatura), senhor de uma performance invulgar (a todos os níveis) e de completa e insana entrega …isto para além de escrever grandes letras non-sense; completamente surrealistas e hilariantes. Há, por outro lado, bastante espaço na música do duo; as declamações imprecadas de Kenneth fluem muito bem entre o instrumental eletrónico de Nils, criando, em muitos momentos, um sólido bloco musical que responde bem, ora nas partes em que os dois músicos estão mais sintonizados, ou naqueles em que Kenneth deambula, de forma grotescamente perdida, na sua mirabolante performance, um misto de mosh-pit alucinado e tribal (mais para o bailarico), onde toda a gente está convidada a entrar para expulsar os seus demónios. A música deste duo é, ao vivo, muito contagiante, e deu para perceber, pela muito boa adesão do público, que tem em mãos um projeto, que mais bem alinhavado, não encontrará muitas dificuldades em almejar públicos mais numerosos e de gostos diversificados. Foi um concerto bastante divertido este, oferecido por uma banda que parece ambicionar isso, através da sua música. Para seguir, com a devida atenção, os próximos concertos.
Finalizadas as atuações ao vivo, todas as luzes se apagaram e foi dado espaço para os dj sets. Foi uma noite fantástica! Venha a próxima!


OMEM - OLAN MONK + Ead Mann

No comments:

Post a Comment